terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ContraTempos...


Há um provérbio que diz: o homem propõe, mas só Deus dispõe. Criei este blog no intuito de narrar em tempo real a minha peregrinação a Santiago de Compostela, e por tabela manter uma via de comunicação virtual que serviria menos para me mostrar do que para diminuir o tanto de solidão que, invariavelmente, sente-se em empreitadas deste tipo. Porém, disposições em contrário, o netbook não funcionou, tornou-se um peso morto, ou - numa apreciação menos trágica - um simples diário digital, que mesmo assim pesava e me enchia de cuidados: medo de ser roubado, medo de ser danificado pela chuva ou pelos tombos... Enfim, um fardo de preocupações, para juntar-se aos outros tantos que haveriam de me oprimir na caminhada. Eu sei, falta de aviso não foi. Mas também já não importa, trata-se apenas de um contratempo que não merece mais do que uma aliviada lembrança, e algumas linhas deste blog que, com não poucas semanas de atraso, vem reportar - a quem ainda interessar possa! - a pequena saga de 51 dias que vivi na linda, decadente e velha Europa. E como é velha!... Vinicius de Moraes designa a cidade de São Paulo como túmulo do samba. A Europa é mais que um túmulo, é todo um cemitério – como já havia dito o clarividente Dostoievski. Mas não me refiro aos falecidos figurões da literatura, da arte, da filosofia, da moda, da política, et cétera, que ora jazem e ora adubam o solo, contaminam os lençóis freáticos e dentro em pouco serão petróleo. Refiro-me à arte mesma, bem como à literatura, à filosofia, à música e aos demais ramos da esplendorosa cultura ocidental que de uma queda foi ao chão, resvalando finada no túmulo cavado por seus epígonos para o sepultamento de Deus!... Mas não coloquemos os carros na frente dos bois. Feito este esclarecimento, re-comecemos. Era uma vez, em Paris...   

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