quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Rota

Como já foi dito, toda e qualquer peregrinação tem por meta uma conversão – seja em “latu” ou “strictu sensu”. O peregrino converge para o núcleo da própria fé, o local sagrado da teofania, da visitação, da revelação. Para o cristão há, naturalmente, a Terra Santa, com Belém onde uma grande Luz brilhou na escuridão, e o Verbo se fez carne e veio habitar entre nós; e com Jerusalém onde este mesmo Verbo derramou seu precioso sangue para redimir a humanidade inteira. Mas além, há inúmeros túmulos de santos, repouso da humanidade redimida, lugares de contemplação e veneração da Graça. Há ainda as grutas e fontes abençoadas pelas aparições da Mãe misericordiosa, sítios de arrependimento e de cura. Toda a geografia do ocidente e do oriente está assim pontilhada por focos de esperança, através dos quais o peregrino pode traçar circuitos aleatórios que, no entanto, convergem para o mesmo fim: Deus.

Com efeito, a minha peregrinação, tem início no norte da França, no Mont Saint Michel, uma ilha situada no limite costeiro da Bretanha com a Normandia, e onde o arcanjo Miguel (em francês, Michel), príncipe das milícias celetes, manifestou-se a Aubert, bispo de Avranches, no ano da graça de 708. De lá desço para Paris, onde tomo a Via Turonensis, antiga rota de peregrinação para Compostela, cujo trajeto compreende a misteriosa Catedral de Chartres, no Vale do Beauce. Depois pego um desvio transvessal pelas Vias Lemovicensis, Podiensis e Tolosana que me dão acesso ao Santuário de Lourdes e outras paragens sacras, até seguir pelo caminho único que corta o norte da Espanha e conduz a Catedral de Santiago de Compostela. Portanto, que desde já São Tiago rogue por mim, que o arcanjo Miguel me defenda, que a Virgem Santíssima me guie e me alente, e que Deus Nosso Senhor me abençoe.

Um comentário:

  1. Que lindo percurso! Chartres é emocionante. Só em pensar quantos séculos levou para ser construida e depois reconstruida!

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