tag:blogger.com,1999:blog-69496970143793482982024-03-13T16:06:11.270-07:00Codex Peregrinus"Não somos seres humanos numa aventura espiritual, somos seres espirituais numa aventura humana."(Padre Teilhard de Chardin)Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.comBlogger27125tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-10821193008548348892012-04-29T08:58:00.000-07:002012-04-29T08:58:11.865-07:00O Cemitério<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<i> <span style="font-family: Georgia, serif; text-align: justify;">“Eu
quero viajar pela Europa, Aliocha, devo partir já daqui. E ao mesmo tempo eu
sei que estou indo só a um cemitério, mas trata-se do cemitério mais precioso,
é disso que se trata! Preciosos são os mortos que ali estão, cada pedra sobre
eles fala de uma vida de passado tão incendiário, de uma fé em suas obras, sua
verdade, sua luta e sua ciência, tão apaixonada que eu sei que cairei no chão e
beijarei aquelas pedras e chorarei sobre elas; apesar de eu estar convencido,
no meu coração, que há muito trata-se de nada mais que um cemitério”.</span></i></div>
<span style="font-family: Georgia, serif; text-align: justify;"><br /></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-AuPxR_7ODtY/T5wVSHWRJuI/AAAAAAAABbo/rHC-4qpcitc/s1600/DSC00778.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-AuPxR_7ODtY/T5wVSHWRJuI/AAAAAAAABbo/rHC-4qpcitc/s400/DSC00778.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Este pequeno trecho de "<i>Os Irmãos Karamazov</i>" me veio a mente assim que deparei com o suntuoso necrotério do Père Lachaise, o cemitério mais visitado de Paris - quiçá do mundo!... E diante de visão tão monumental fica difícil não concordar com o personagem de Dostoiévski, afinal "se isso é está numa pior..."</span></div>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-sjE6PmBTcXE/T5wVn3BialI/AAAAAAAABbw/tHsbkasBWXs/s1600/DSC00775.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-sjE6PmBTcXE/T5wVn3BialI/AAAAAAAABbw/tHsbkasBWXs/s400/DSC00775.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">É provável que haja cemitérios mais bonitos, mais organizados e mais bem conservados em outras grandes cidades. Mas em nenhuma outra se encontra um contingente de mortos tão ilustres quantos os daqui. A propósito, foi pensando nisso que cheguei a constatação de que outro não era o motivo desta minha viagem senão visitar túmulos e defuntos. </span><span style="font-family: Georgia, serif; text-align: justify;">Compostela
quer dizer <i>Campo da Estrela</i>, e a estrela em questão é o túmulo de São Tiago, do
qual surgiu a Catedral e a cidade. Mas estrelas também não faltam sob as campas
parisienses. Com efeito, passeando no Père Lachaise ou no Montparnasse,
tropeça-se numa celebridade falecida a cada metro quadrado, e estas mórbidas
calçadas da fama deixa-nos a insofismável certeza de que a morte a todos iguala.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-wR_KwIzge9k/T5wWWr504XI/AAAAAAAABb4/ak7bfK2aHOY/s1600/DSC00691.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-wR_KwIzge9k/T5wWWr504XI/AAAAAAAABb4/ak7bfK2aHOY/s400/DSC00691.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A minha visita, que havia começado um pouco antes no Montparnasse, teve como ponto de partida o túmulo do casal existencialista Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, que, diga-se de passagem, fica praticamente ao lado da porta do cemitério. Era uma lápide simples, como a de qualquer casal pequeno-burguês, ou seja tudo aquilo que eles tanto desdenharam e que, através do casamento aberto (cada qual no seu lugar) tanto procuraram inovar. Mas a morte a todos iguala e, ironias à parte, não há como evitar o pensamento mordaz de que eles viveram separados até que a morte os uniu: <i>Erunt duo in cova una (serão dois em uma só cova!)!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-wFLTfoS5lfA/T5wWwPhEliI/AAAAAAAABcA/7Axdfubkvkw/s1600/DSC00693.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-wFLTfoS5lfA/T5wWwPhEliI/AAAAAAAABcA/7Axdfubkvkw/s400/DSC00693.JPG" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Passando adiante, seguindo as indicações do mapa (sim, há mapas e placas para facilitar o <i>tour </i>pelo cemitério) eu tentava encontrar o jazigo do escritor argentino Julio Cortázar. Mas entre indas e vindas vãs, acabei sendo atraído por um túmulo abarrotado de flores, maços de cigarros, isqueiros, bilhetes de metrô e outros apetrechos que lembravam um dispendioso despacho de macumba, mas que na verdade eram apenas singelas homenagens prestadas ao indefectível cantor Serge Gainsburg (o "Vando" da Île-de Franc) que ainda hoje atrai fãs do mundo inteiro!... E de Cortázar nem sinal. As placas e mapas nem sempre cumprem o seu propósito, e isso ocorre não por culpa delas, mas dos familiares dos defuntos que retiram as lápides para serem restauradas e demoram a devolvê-las, deixando os visitantes complemente perdidos. Foi o caso do pintor, e meu conterrâneo, Cícero Dias, cujo túmulo permanecia anônimo, aguardando (segundo informações do coveiro) que a viúva francesa devolvesse as inscrições douradas que há mais de um ano ela tinha recolhido para restauração!... Diante de tantas sepulturas indistinguíveis a coisa começava a ficar frustrante. Contudo, como as celebridades se avizinhavam, eu tive a sorte de encontrar bem ao lado de Cícero Dias, a campa do grande dramaturgo Samuel Beckett, que já não estava <i>esperando Godot</i>! </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-BNNU_ranYcM/T5wXGYAsf1I/AAAAAAAABcI/M_Z8wqgccRo/s1600/DSC00696.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-BNNU_ranYcM/T5wXGYAsf1I/AAAAAAAABcI/M_Z8wqgccRo/s400/DSC00696.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Passando ao Père Lachaise, dei de cara com um casal tão famoso e controvertido quanto Sartre e Simone de Beauvoir, que - assim como eles - viveu seu amor a distância (mas não voluntariamente), e só na morte puderam se reunir. Era Heloise e Abelard. Aqui não havia ironia cabível. Apenas o testemunho de uma paixão que é tão lendária e polêmica quanto a autenticidade dos ossos que ali estão depositados. Porém, como dizia Mae West, quando a lenda for mais interessante do que a verdade, que publique-se a lenda! - Ali, portanto, estava o cenotáfio do<i> amour sans fin!...</i> Só não fiz uma foto melhor porque, como tudo na Europa, o mausoléu passava por uma restauração e estava rodeado por andaimes. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-f3cv2NAS-Z0/T5wXuZ0AoCI/AAAAAAAABcQ/qGTZAH7xBFE/s1600/DSC00800.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-f3cv2NAS-Z0/T5wXuZ0AoCI/AAAAAAAABcQ/qGTZAH7xBFE/s400/DSC00800.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mas, não muito distante dali, outra lenda me aguardava, só que mais recente e ainda bem viva, apesar de finada. Era o roqueiro Jim Morrison, poeta e vocalista da banda "<i>The Doors</i>", que nem depois de morto deixou de causar! (verbo este que, no caso do cantor, enseja os mais variados complementos). Seu túmulo - e, por tabela, o de alguns vizinhos - fica isolado por grades de ferro, no intuito de conter o assédio dos fãs maloqueiros (outros nem tanto) que ali vão para cantar, levar flores, se drogar e às vezes consumar pequenas orgias. Detalhe: a maioria são adolescentes. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-O6_d9X1qxpE/T5wYP423HUI/AAAAAAAABcY/PX8iJus7kNI/s1600/DSC00796.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-O6_d9X1qxpE/T5wYP423HUI/AAAAAAAABcY/PX8iJus7kNI/s400/DSC00796.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">E naquele dia, para meu azar, eles estavam lá, cantando e fumando maconha!... Mas era só isso. No túmulo havia flores e velhos encartes de LP's, e pedras que lembravam crack, talvez fosse só cascalhos. Fosse o que fosse, para não atrapalhar a singela reunião, nem desperta qualquer tipo de atitude hostil, recolhi-me à parede de uma sepultura vizinha e, sorrateiramente, tirei uma foto. Depois parti para nunca mais voltar!... Não sozinho. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ewiIeR3o3ys/T5wY2aA2A8I/AAAAAAAABcg/XGcIXECwVqU/s1600/DSC00799.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-ewiIeR3o3ys/T5wY2aA2A8I/AAAAAAAABcg/XGcIXECwVqU/s400/DSC00799.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Dali fui me encontrar com duas senhoras distintas, mas que na juventude também tiveram sua fase porra-louca (quem não teve?). A primeira era Madame Colette, dona da pena mais chistosa da moderna literatura francesa, e, ao mesmo tempo, a maior e mais sofrida personagem de si mesma, que ali, enfim, encontrava repouso. Pelo menos era o que dizia a sua lápide. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-lcq4MjnHmqY/T5wZMOITLPI/AAAAAAAABco/kCke9D0CCms/s1600/DSC00803.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-lcq4MjnHmqY/T5wZMOITLPI/AAAAAAAABco/kCke9D0CCms/s400/DSC00803.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A outra era Madame Lamboukas, dita Edith Piaf, a personificação da <i>chanson française</i>, que não só cantava o que vivia,</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> mas vivia o que cantava!... Aqui, gostaria de deixar uma nota de utilidade pública: este foi um dos túmulos mais difíceis de encontrar, e que custou-me muita paciência e força de vontade. O problema não é a localização do jazigo em si, mas sim do nome da defunta, que fica na parte lateral da lápide, em letras miúdas, sumido ao lado dos seus entes queridos. Portanto, fiquem avisados: para achar Piaf, procurem o nome na borda do túmulo. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-z0TLGcDCFYg/T5wZgNJJ8GI/AAAAAAAABcw/3N72s0EFY6o/s1600/DSC00783.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-z0TLGcDCFYg/T5wZgNJJ8GI/AAAAAAAABcw/3N72s0EFY6o/s400/DSC00783.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Eu admiro esse gesto de simplicidade da família Lamboukas. Mas é possível ser simples sem necessariamente ficar invisível. O túmulo de Frédéric Chopin, por exemplo, além de adornado por uma bela estátua, mantem-se rodeado por vasos de flores e velas coloridas que são trazidas pelos inúmeros admiradores dos seus <i>Noturnos</i> e <i>Prelúdios</i>.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-q91GXVkPs3w/T5wZ5iwIxLI/AAAAAAAABc4/J9n26sNKfd8/s1600/DSC00810.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-q91GXVkPs3w/T5wZ5iwIxLI/AAAAAAAABc4/J9n26sNKfd8/s400/DSC00810.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-x2ztR99h7rs/T5waJ6DiPOI/AAAAAAAABdA/MJZeTAUYxqs/s1600/DSC00812.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-x2ztR99h7rs/T5waJ6DiPOI/AAAAAAAABdA/MJZeTAUYxqs/s400/DSC00812.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Por outro lado, alguns túmulos são tão arrojados e, digamos, pitorescos que é simplesmente impossível não identificá-los. Foi assim que, subindo a interminável ladeira que é o Père Lachaise (foi construído entre as colina de Chaumon e Belleville), a certa altura divisei a inusitada sepultura em forma de dólmen onde jaz Allan Kardek, o grande codificador da doutrina espírita. Eu sou católico, mas como tenho muito amigos espíritas, não iria perder a oportunidade de atiçar-lhes a inveja!... E pela quantidade de flores ali depostas, percebe-se que o túmulo já não anda tão esquecido quanto antigamente. Isso graças ao crescente fluxo de turistas brasileiros que lhe fazem romaria. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-R4AmSepz-mM/T5wcQpUaLmI/AAAAAAAABdI/CfIK8JClYFc/s1600/DSC00793.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-R4AmSepz-mM/T5wcQpUaLmI/AAAAAAAABdI/CfIK8JClYFc/s400/DSC00793.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Outra sepultura inconfundível e absolutamente original é a esfinge castrada do túmulo de Oscar Wilde. Digo castrada porque o imenso pênis ereto que outrora compunha a estátua foi decepado e roubado por algum(a) fã carente de souvenires!... Mas isso não diminuiu em nada (ou quase) a popularidade daquela sepultura, haja visto que continua sendo o ponto mais procurado e concorrido do cemitério. Isso, aliás, pode ser constatado pelos incontáveis hieroglifos de batom (em forma de corações, flores, nomes e beijos) com as quais os fãs, há décadas, vão recobrindo a lápide...</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-XZH-R52ncJE/T5wcpm6YHNI/AAAAAAAABdQ/TR2nBR2Sr4g/s1600/DSC00780.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-XZH-R52ncJE/T5wcpm6YHNI/AAAAAAAABdQ/TR2nBR2Sr4g/s400/DSC00780.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Alguns, talvez por nojo, preferem usar canetas no lugar de batom. E são os mais nojentos, pois estão deixando a escultura toda pichada.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-noF5RCXBIu8/T5wc4x8eJPI/AAAAAAAABdY/j9PMSYUMYW0/s1600/DSC00781.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-noF5RCXBIu8/T5wc4x8eJPI/AAAAAAAABdY/j9PMSYUMYW0/s400/DSC00781.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O mapa dizia que ali já era praticamente a parte final do lugar, onde começa o declive que conduz aos fundos do cemitério. E era lá nos fundos que ficava o túmulo de Marcel Proust. Fui!... No caminho me deparei com ninguém menos que o grandioso Honoré de Balzac, a maravilhosa fábrica de clássicos, autor da monumental comédia humana, e que, bem antes de morrer, já havia povoado o Père Lachaise com uma miríade de defuntos fictícios. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-2FXek6HJgiY/T5wdLK18C1I/AAAAAAAABdg/9HFU7LCqJgM/s1600/DSC00777.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-2FXek6HJgiY/T5wdLK18C1I/AAAAAAAABdg/9HFU7LCqJgM/s400/DSC00777.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Outra nota de utilidade pública: quando o mapa disser que você está quase no fim do cemitério, não tome isto ao pé da letra, pois do túmulo de Balzac até o de Proust estende-se uma álea de quase um quilômetro!... As botas, como era de praxe, começavam a incomodar, foi então que lembrei de prestar-lhes homenagem. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-QnpysmXVbMI/T5weBuWaZiI/AAAAAAAABdw/w4aO_VnMqPI/s1600/DSC00814.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-QnpysmXVbMI/T5weBuWaZiI/AAAAAAAABdw/w4aO_VnMqPI/s400/DSC00814.JPG" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mas enfim alcancei Proust, ou melhor, o que sobrou dele. O túmulo era negro e bem mais simples que o dos vizinhos. Seu único adorno era o nome do escritor e o imenso talento que ele evoca. Havia flores também, porém poucas - como poucos são os seus leitores.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-rgPAtBy2HeI/T5weTMwtNtI/AAAAAAAABd4/9cZ3TCcSIh8/s1600/DSC00779.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-rgPAtBy2HeI/T5weTMwtNtI/AAAAAAAABd4/9cZ3TCcSIh8/s400/DSC00779.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Depois de rezar pela alma de Proust, sentei-me para descansar e comer uns biscoitos que tinha comprado antes de entrar no cemitério. Sei que isso parece estranho, e a bem da verdade a minha intenção era comê-los na volta para o hotel, mas como o passeio estava sendo mais demorado e cansativo do que eu tinha imaginado, decidi fazer o lanche ali mesmo. Outrossim, não tinha ninguém olhando, de modo que eu poderia comer sem nenhum constrangimento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-xUp1sU7ZKFc/T5weqSMt8PI/AAAAAAAABeA/cU5u1d9silE/s1600/DSC00776.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-xUp1sU7ZKFc/T5weqSMt8PI/AAAAAAAABeA/cU5u1d9silE/s400/DSC00776.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Quase ninguém!... Mal tinha acabado de abri o saquinho de biscoitos e logo comecei a ouvir o canto enferrujado de uns corvos que me espreitavam. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-1KTWReRe71w/T5we50HeJbI/AAAAAAAABeI/hrUs9oTHQ8M/s1600/DSC00806.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-1KTWReRe71w/T5we50HeJbI/AAAAAAAABeI/hrUs9oTHQ8M/s400/DSC00806.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A princípio não dei muita importância, achei que só estivessem curiosos. Mas depois eles começaram a aparecer de todos os lados e cada vez mais próximos. Fiquei receoso, era evidente que queriam algo, só não sabia se eram os biscoitos ou os meus olhos!... Parecia uma cena do filme de Hitchcock, ainda bati o pé, disse xô, <i>va-t'en</i>! <i>Allez vous</i>!... Mas tudo surtiu o efeito contrário, e eles permaneceram impávidos, a me mirar com o bico adunco!... Como não aguento pressão, resolvi atirar-lhes imediatamente o saco de biscoitos e sair à francesa. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-fkE4FGrYXgA/T5wfLrnNTtI/AAAAAAAABeQ/SeAN0N5rwI8/s1600/DSC00807.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-fkE4FGrYXgA/T5wfLrnNTtI/AAAAAAAABeQ/SeAN0N5rwI8/s400/DSC00807.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Aquele assalto me deixou um pouco abalado, e logo passei a considerar a inusitada situação em que me encontrava ali, sozinho nos confins de um ermo de 43 hectares, tão distante do portão, que sequer conseguia vislumbrar... E se já estivesse na hora de fechar?... Misericórdia! Estremeci arrepiado no receio de ficar trancado, de que a noite chegasse logo, e que uma lápide daquelas estalasse com fragor, e através de sua fenda surgissem lívidos dedos sem carne!... Credo! Desesperei-me, apanhei a mochila e, numa carreira aflita, varei aquele intrincado labirinto de ciprestes com o coração pulando na garganta. Errei vias, troquei rumos, perdi-me!... Foi um vexame. Só sosseguei ao avistar a cancela de ferro aberta, e uma velhinha elegante que passava na calçada tangendo um poodle. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-fNFuzu11XHs/T5wfYPcd-FI/AAAAAAAABeY/Soa6m8l2N2Y/s1600/DSC00774.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" src="http://4.bp.blogspot.com/-fNFuzu11XHs/T5wfYPcd-FI/AAAAAAAABeY/Soa6m8l2N2Y/s400/DSC00774.JPG" width="400" /></a></div>
<br />Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-69471876116048632532012-01-21T11:29:00.000-08:002012-01-21T17:20:48.042-08:00A Cidade Invisível<div style="text-align: justify;">Paris é uma cidade da qual se pode falar no plural, porque há duas <i>parises</i>: uma é a Paris luminosa e romântica da Torre Eiffel, do Sena, da Champs Elyseé, uma das maiores cidades da Europa e a mais visitada do mundo. E a outra é a Paris invisível e sombria das catacumbas, o labirinto underground de mais de 290 km de extensão, verdadeira megalópole subterrânea, tão populosa quanto a superfície, porém proibida ao trânsito dos vivos. E eu, que ainda há pouco, quase roçava o céu do alto da catedral de Chartres, retornava a Paris disposto a me precipitar naquela misteriosa necrópole.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-dGPlQxE9_vs/TxoEQiWAZoI/AAAAAAAABYw/_1CjJEPJK1Y/s1600/DSC00701.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-dGPlQxE9_vs/TxoEQiWAZoI/AAAAAAAABYw/_1CjJEPJK1Y/s400/DSC00701.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-eFXW3Ic0R-c/TxoEk0wLW2I/AAAAAAAABY4/OOfqqH75gv0/s1600/DSC00700.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-eFXW3Ic0R-c/TxoEk0wLW2I/AAAAAAAABY4/OOfqqH75gv0/s400/DSC00700.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Abaixo de cada avenida, rua ou beco de Paris serpenteiam tuneis paralelos, cujo acesso só é possível pelo metrô, pelos esgotos ou pelos pequenos mausoléus públicos. Essa "<i>sub-urbe</i>" que fascina e repele é igualmente secular como sua irmã gêmea, muito embora custodie solitariamente os segredos e os esqueletos de mais de seis milhões de mortais - testemunhas da antiga Gália-Romana, das medievais dinastias merovíngias e carolíngias, das vítimas da Peste Negra, da Revolução Francesa e da ocupação nazista. E conquanto esteja quase toda interditada à visitação, alguns trechos dessa cidade às avessas são franqueados aos curiosos que não resistem ao gosto mórbido de ver como são suas ruas de silêncio e esquecimento. Para isso basta pagar 3 euros e descer por um buraco cujo fundo nevoento emana uma luz esverdeada. Bem sugestivo!...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-NRkfPH_MfrE/TxoQWl6DcjI/AAAAAAAABZA/EtqH2cHstlE/s1600/DSC00717.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-NRkfPH_MfrE/TxoQWl6DcjI/AAAAAAAABZA/EtqH2cHstlE/s400/DSC00717.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Antes de descer o atendente do guichê foi logo avisando que o passeio deveria ser reconsiderado caso eu sofresse de claustrofobia ou mesmo de rinite alérgica, e completou dizendo que em caso de uma crise cardíaca ou pânico o socorro demoraria a aparecer. Isso porque não há nenhum guia para acompanhar os curiosos, e nem sequer espera-se formar grupos, é só chegar e entrar, como no meu caso, sozinho!... E o <i>tour</i> duraria no mínimo uma hora!... Eu tive vontade de saber se, por acaso, alguém havia morrido nestes passeios, porém me limitei a perguntar se já havia algum outro turista lá embaixo. Ele disse que sim, alguns jovens americanos tinham descido há mais ou menos dez minutos, talvez eu pudesse alcançá-los... Corri!<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-IMyI0B1uayc/TxrNW-LcS6I/AAAAAAAABZI/7czTOL_85T4/s1600/DSC00711.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-IMyI0B1uayc/TxrNW-LcS6I/AAAAAAAABZI/7czTOL_85T4/s400/DSC00711.JPG" width="300" /></a></div><br />
Descendo, literalmente, até o fundo do poço, eu me deparei com um túnel cumprido, muito cumprido, que perpassava diversas galerias até alcançar a porta nada convidativa das catacumbas. Detalhe: é possível perceber que a maior parte desta trilha mantem-se num declive, ou seja, você vai descendo mais e mais.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Xg-DuD3mmxQ/TxrNmbqB6xI/AAAAAAAABZQ/Skmal68MmZ4/s1600/DSC00723.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-Xg-DuD3mmxQ/TxrNmbqB6xI/AAAAAAAABZQ/Skmal68MmZ4/s400/DSC00723.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>E a partir daquela entrada sinistra a luminosidade vai ficando mais escassa, talvez propositalmente. Logo, comecei a disparar o flash da câmera fotográfica, e não só para poder enxergar melhor, mas também para atenuar a ansiedade. Dos americanos, nem sinal!... As catacumbas eram mais frias e úmidas do que eu havia imaginado. O silêncio era quase tão denso quanto a penumbra, ouvia-se apenas o ruído de goteiras que volta e meia surpreendiam atingindo-me na cabeça. Mas susto mesmo eu tive quando a terra estremeceu com a passagem dos metrôs, que sacudiam aquelas pedras enormes e davam a impressão que tudo ia desabar. Misericórdia!...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-fxMnaHFf7ZI/TxrXx6GxL4I/AAAAAAAABZY/EfKhQburMX0/s1600/DSC00708.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-fxMnaHFf7ZI/TxrXx6GxL4I/AAAAAAAABZY/EfKhQburMX0/s400/DSC00708.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-vrakYwomBHA/TxrYc1HaUGI/AAAAAAAABZg/dre6JJ3MHn4/s1600/DSC00709.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-vrakYwomBHA/TxrYc1HaUGI/AAAAAAAABZg/dre6JJ3MHn4/s400/DSC00709.JPG" width="400" /></a></div><br />
Para piorar, eu percebi que o teto do túnel estava ficando mais baixo. A certa altura da caminhada cogitei que talvez estivesse seguindo por uma trilha errada, pois já havia transcorrido mais de 25 minutos e nem sinal do esqueletos, e tampouco dos turistas americanos. Barulho mesmo só o dos meus passos, do teto gotejante e do rugido do metrô, que agora estava ficando mais longe. Foi então que começaram a aparecer algumas ossadas preenchendo as brechas do pedregulhos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-hY5-5nIuem0/Txra7INUWEI/AAAAAAAABZo/A0_c89TOpTA/s1600/DSC00729.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-hY5-5nIuem0/Txra7INUWEI/AAAAAAAABZo/A0_c89TOpTA/s400/DSC00729.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E alguns metros mais adiante as paredes rochosas desapareciam completamente sob o medonho reboco de tíbias e crânios.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-rrOFTIqK0Nk/TxrfQCxSRKI/AAAAAAAABZw/8TjeY14rkZo/s1600/DSC00740.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-rrOFTIqK0Nk/TxrfQCxSRKI/AAAAAAAABZw/8TjeY14rkZo/s400/DSC00740.JPG" width="400" /></a></div><br />
Não bastasse o frio e a umidade, tudo agora rescendia a mofo e a caliça. E aqui e ali apareciam placas informando a data e a procedência dos ossos. Outras diziam sob qual rua de paris passava aquele túnel. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-1PBFIM9FJew/TxrgO6TFjbI/AAAAAAAABZ4/sFgbZIIumcg/s1600/DSC00745.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-1PBFIM9FJew/TxrgO6TFjbI/AAAAAAAABZ4/sFgbZIIumcg/s400/DSC00745.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-OmZIUlZYQp0/Txrk5MwO1TI/AAAAAAAABaA/16Qxnv3lCn8/s1600/DSC00765.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-OmZIUlZYQp0/Txrk5MwO1TI/AAAAAAAABaA/16Qxnv3lCn8/s400/DSC00765.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Mas a frente os tuneis iam se expandindo e dando acesso a galerias e criptas que mais pareciam cenários de um conto de Lovecraft. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-I98NR39SKGs/TxrnxbZ6L9I/AAAAAAAABaI/KdCP8fT-q7k/s1600/DSC00748.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-I98NR39SKGs/TxrnxbZ6L9I/AAAAAAAABaI/KdCP8fT-q7k/s400/DSC00748.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Eru10sYtXC0/Txrn-VzRzYI/AAAAAAAABaQ/Z1WiMYd6REs/s1600/DSC00752.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-Eru10sYtXC0/Txrn-VzRzYI/AAAAAAAABaQ/Z1WiMYd6REs/s400/DSC00752.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-MpeovqfbIwU/TxroJdZVZ2I/AAAAAAAABaY/QlA4CLZkVPo/s1600/DSC00760.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-MpeovqfbIwU/TxroJdZVZ2I/AAAAAAAABaY/QlA4CLZkVPo/s400/DSC00760.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div> As coisas estavam ficando mais claras, a palavra <i>sortie</i> já começava a aparecer, e eu, por conseguinte, ficava mais tranquilo... Fiz até pose com os defuntos!<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rqXPx0CtUW8/TxrqQqtNLOI/AAAAAAAABag/007V-eE0ljM/s1600/DSC00735.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-rqXPx0CtUW8/TxrqQqtNLOI/AAAAAAAABag/007V-eE0ljM/s400/DSC00735.JPG" width="300" /></a></div><br />
Uma das placas dizia: <i>um dia seremos todos iguais, portanto aproveites enquanto ainda és diferente!</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-D1dBH8H1ZII/Txrqw0pDLEI/AAAAAAAABao/qv9l1nCHfoY/s1600/DSC00734.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-D1dBH8H1ZII/Txrqw0pDLEI/AAAAAAAABao/qv9l1nCHfoY/s400/DSC00734.JPG" width="300" /></a></div><br />
Mas eis que comecei a ouvir vozes e ver sombras!... Fantasmas?! Não. Eram os turistas americanos que eu enfim alcançava. Mas agora já não importava tanto porque o passeio estava acabando.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-JramjvTOvlc/TxrtOXp35MI/AAAAAAAABaw/CMmlBiuMcvA/s1600/DSC00764.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-JramjvTOvlc/TxrtOXp35MI/AAAAAAAABaw/CMmlBiuMcvA/s400/DSC00764.JPG" width="400" /></a></div><br />
Aliás, as catacumbas haviam acabado, mas não o passeio, pois até chegar à saída tivemos que caminhar por um bom tempo pelos esgotos de Paris.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-vvUWtEcMZFs/TxrvGEGXnoI/AAAAAAAABa4/Ln_b4NKe6tU/s1600/DSC00770.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-vvUWtEcMZFs/TxrvGEGXnoI/AAAAAAAABa4/Ln_b4NKe6tU/s400/DSC00770.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-GFez_qXohaw/TxrvXkgeOpI/AAAAAAAABbA/LuvIfZ4ptBg/s1600/DSC00766.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-GFez_qXohaw/TxrvXkgeOpI/AAAAAAAABbA/LuvIfZ4ptBg/s400/DSC00766.JPG" width="300" /></a></div><br />
Era fedido e bem mais úmido do que as catacumbas. Eu tinha a impressão que toda a minha roupa estava impregnada por germes e bactérias. Tive vontade de correr ou andar mais rápido, mas como isso não seria uma coisa muito prudente devido o chão escorregadio. Com efeito, prossegui devagarinho, me esquivando da água suspeita que aqui e acolá pingavam dos canos do teto. Eca!... Mas, felizmente, isso não durou muito, daí a pouco estávamos numa galeria seca e imensa que, segundo o comentário de uma passante, era um bunker que durante a Segunda Guerra Mundial tinha servido aos soldados da resistência. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ERrwRF5rJFc/Txr2W32FUBI/AAAAAAAABbI/rA30MVaUTwc/s1600/DSC00767.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-ERrwRF5rJFc/Txr2W32FUBI/AAAAAAAABbI/rA30MVaUTwc/s400/DSC00767.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-wyE99j10QQ8/Txr25rI5hAI/AAAAAAAABbQ/DICf6p3R5N4/s1600/DSC00772.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-wyE99j10QQ8/Txr25rI5hAI/AAAAAAAABbQ/DICf6p3R5N4/s400/DSC00772.JPG" width="300" /></a></div><br />
Outro passante discordou dizendo que aquilo mais parecia uma antiga cave de vinhos. Uma mulher então interveio observando que ninguém faria uma cave dentro do esgoto!... Outra ponderou dizendo que uma coisa não inviabilizava a outra, de modo que poderia ter sido cave e bunker ao mesmo tempo!... Bem, fosse o que fosse, eu só sabia de uma coisa, que a escada de saída estava bem a minha frente e eu não aguentava ficar naquele buraco nem mais um minuto. Sentia-me imundo, precisando urgentemente de uma ducha quente e bem demorada. Parti!...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-awhNN-5abH0/TxsP51lGdDI/AAAAAAAABbY/Zb1TtY5UP3o/s1600/catacumbas.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-awhNN-5abH0/TxsP51lGdDI/AAAAAAAABbY/Zb1TtY5UP3o/s400/catacumbas.JPG" width="300" /></a></div><br />
</div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-30342717161869433792012-01-20T09:56:00.000-08:002012-01-20T15:52:12.530-08:00Chartres<div style="text-align: justify;">A manhã do dia seguinte foi praticamente um <i>déjà vu</i> da manhã anterior: chovia e eu novamente estava indo à estação de Montparnasse pegar outro trem rumo a um passado, que também ficava ao norte da França, mas não tão longe (nem tão medieval) quanto o Mont Saint Michel. Seriam apenas quarenta minutos de viagem... Seria para Chartres. E o tempo gasto poderia ser ainda menor se o trajeto fosse percorrido num confortável TGV. Mas para Chartres só há trens de velocidade normal, que nem por isso deixam de ser confortáveis, e ainda permitem uma contemplação mais cuidadosa da paisagem...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-svAEaXvfibs/TxhM7ELgJVI/AAAAAAAABUo/NPJe4FcR8gA/s1600/DSC00418.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-svAEaXvfibs/TxhM7ELgJVI/AAAAAAAABUo/NPJe4FcR8gA/s400/DSC00418.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-lN7AbGlta2Q/TxhN09TOkeI/AAAAAAAABUw/90JHAyqPeyw/s1600/DSC00417.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-lN7AbGlta2Q/TxhN09TOkeI/AAAAAAAABUw/90JHAyqPeyw/s400/DSC00417.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-lcYYf60onfA/TxhOVBe4QJI/AAAAAAAABU4/W9fUfx-x_0w/s1600/DSC00419.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-lcYYf60onfA/TxhOVBe4QJI/AAAAAAAABU4/W9fUfx-x_0w/s400/DSC00419.JPG" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estávamos cruzando uma planície quase inteiramente descampada, na qual, por vezes, aqui e ali, apareciam chalés, moinhos, solitárias igrejas rurais e as lavouras de trigais que compõem o Vale de Beauce. Lembrei então que Rabelais dizia ter existido naquele lugar uma imensa floresta, que depois foi implacavelmente devastada pela passagem dos cavalos de Pantagruel, que com o lento balanço de suas caudas titânicas, num único dia, varreram todas as árvores!... Verdade é que sobraram alguns bosques, poucos, compactos, que espocavam intermitentes como ramalhetes de árvores em meio ao gramado infinito. E assim decorria a paisagem até que, subitamente, o trem entrava na cidade, tudo se transformava em ruas, e do alto de uma colina, aparecia a intrigante Catedral de Chartres. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-_CoiKjDZ7LI/TxhV2cqJhbI/AAAAAAAABVA/zZrJfPz30MY/s1600/DSC00558.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-_CoiKjDZ7LI/TxhV2cqJhbI/AAAAAAAABVA/zZrJfPz30MY/s400/DSC00558.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-CTmzHIlSw3E/TxhXUGAYuzI/AAAAAAAABVI/4F79KowvSFM/s1600/DSC00559.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-CTmzHIlSw3E/TxhXUGAYuzI/AAAAAAAABVI/4F79KowvSFM/s400/DSC00559.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-V8tDq_xJ5CE/TxhX1PqDJII/AAAAAAAABVQ/dcSfNsINnR8/s1600/DSC00562.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-V8tDq_xJ5CE/TxhX1PqDJII/AAAAAAAABVQ/dcSfNsINnR8/s400/DSC00562.JPG" width="300" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A estação de Chartres fica a poucos passos da Catedral e é possível chegar até ela guiando-se apenas pelas torres que, como tudo naquela misteriosa igreja, são completamente diferentes uma da outra, quer seja no formato quer na altura. Datada do século XIII, aquela obra prima da arte gótica (que estava passando por reformas) era cheia de peculiaridades arquitetônicas porque, além de igreja, era também um calendário rigorosamente projetado para anunciar, através de sinais de luz e sombra, as alternâncias de solstícios e equinócios... Não à toa havia relógios e signos zodiacais por todos os lados. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zcpiexI5L50/Txhig0mw0II/AAAAAAAABVY/cgYwenIqAIg/s1600/DSC00613.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-zcpiexI5L50/Txhig0mw0II/AAAAAAAABVY/cgYwenIqAIg/s400/DSC00613.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-c2agvIQbw_o/Txhi7rWDUhI/AAAAAAAABVg/3Ek-afyI7tI/s1600/DSC00655.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-c2agvIQbw_o/Txhi7rWDUhI/AAAAAAAABVg/3Ek-afyI7tI/s400/DSC00655.JPG" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Embora isso já caracterizasse um bom motivo para uma visita àquela catedral, outro era o propósito que me trazia ali: a secular missa de recomendação dos peregrinos!... Chartres é um dos entrepostos mais tradicionais e importantes do caminho francês para Compostela; com efeito, nas ruas e becos mais antigos da cidade ainda é possível encontrar alguns "<i>index</i>" da rota. Basta olhar atentamente onde pisa, e daí prosseguir acompanhando os sinais que conduzem exatamente aonde é preciso ir: até a casa paroquial onde se carimba a credencial de peregrino. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-CVC1YzdyDt8/TxhnVlZALAI/AAAAAAAABVo/MIdRKukoNp4/s1600/DSC00618.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-CVC1YzdyDt8/TxhnVlZALAI/AAAAAAAABVo/MIdRKukoNp4/s400/DSC00618.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-oqALRDA6eZw/TxhnwcsrBYI/AAAAAAAABVw/YRdvR8IfbEA/s1600/DSC00626.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-oqALRDA6eZw/TxhnwcsrBYI/AAAAAAAABVw/YRdvR8IfbEA/s400/DSC00626.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_J9br4o5OeM/Txhn_F8PngI/AAAAAAAABV4/o-yhNkQDtvY/s1600/DSC00627.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-_J9br4o5OeM/Txhn_F8PngI/AAAAAAAABV4/o-yhNkQDtvY/s400/DSC00627.JPG" width="300" /></a></div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;">A casa paroquial fica exatamente ao lado da Catedral. Lá fui acolhido por uma moça elegantérrima, muito solícita, que além de carimbar a credencial e me oferecer dois mapas detalhados da catedral e da cidade, ainda me deu dicas sobre os horários de funcionamento dos museus, parques, monumentos, etc. Ela me informou também que, embora estivesse passando por reformas, a igreja estava aberta à visitação. E la fui eu. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-CxoFkTHhsWo/Txizjn4kbBI/AAAAAAAABWQ/QOyEXJCBoTI/s1600/DSC00628.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-CxoFkTHhsWo/Txizjn4kbBI/AAAAAAAABWQ/QOyEXJCBoTI/s400/DSC00628.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-CeFZ8dcBYHI/TxizvX_LEqI/AAAAAAAABWY/LNwE-3UQaTw/s1600/DSC00654.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-CeFZ8dcBYHI/TxizvX_LEqI/AAAAAAAABWY/LNwE-3UQaTw/s400/DSC00654.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Antes de entrar, porém, eu decidi descansar um pouco na escadaria da catedral. Foi então que, inspirando-me naquela tela de Van Gogh, mencionada no início do blog, tive a ideia de fazer uma homenagem às minhas terríveis botas de trekking, fotografando-as contra o canário ao redor. Seria a primeira de muitas fotografias, no melhor estilo gnomo-de-Amelie-Poulain. </div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-gisDwUQIyn8/Txi0CYTlGUI/AAAAAAAABWg/wciqMxYEloI/s1600/DSC00658.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-gisDwUQIyn8/Txi0CYTlGUI/AAAAAAAABWg/wciqMxYEloI/s400/DSC00658.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">E qual não foi a minha surpresa quando, no momento do clic, deparei-me com o lendário café <i>Le Serpente</i>, o restaurante mais antigo de Chartres ainda em funcionamento. Parada obrigatória para o petit dejéuner, que até então eu não havia tomado!... E a vista da catedral e do centro da cidade não poderia ser melhor. </div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Q8Rx7YAq8Tc/Txi0OVmpY_I/AAAAAAAABWo/LY2gXPLmFKs/s1600/DSC00659.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-Q8Rx7YAq8Tc/Txi0OVmpY_I/AAAAAAAABWo/LY2gXPLmFKs/s400/DSC00659.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-7B8QYbb73rI/Txi0X12hD5I/AAAAAAAABWw/zrnVWQvxiZY/s1600/DSC00661.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-7B8QYbb73rI/Txi0X12hD5I/AAAAAAAABWw/zrnVWQvxiZY/s400/DSC00661.JPG" width="300" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um xícara de café bem quentinho e um saboroso croissant de chocolate são dois requisitos indispensáveis para quem pretende se aventurar pela Catedral de Chartres, pois uma vez lá dentro perde-se fácil e totalmente a noção de tempo e de realidade extra-muros!... Pelo menos comigo foi assim.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-udBF8F1pCJE/Txi9NIYkZOI/AAAAAAAABW4/SB-lyT-Udbc/s1600/DSC00575.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-udBF8F1pCJE/Txi9NIYkZOI/AAAAAAAABW4/SB-lyT-Udbc/s400/DSC00575.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_wpk6JzBESg/Txi9ehRmsNI/AAAAAAAABXA/v1gCu2ILqco/s1600/DSC00576.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-_wpk6JzBESg/Txi9ehRmsNI/AAAAAAAABXA/v1gCu2ILqco/s400/DSC00576.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Não sei dizer precisamente o que nos hipnotiza. À primeira vista, logo quando se entra, a Catedral parece escura como uma floresta, onde a pouca luz coada pelo vitrais prende imediatamente a nossa atenção numa legenda estática, onde se vislumbra o heróis da fé e da caridade que ao longo do tempo vão constituindo a verdadeira elite espiritual da Igreja. Em contraste com esses seres imoveis em sua eternidade beatífica, aparecem os sinais do Tempo, com anjos sustentando enormes zodíacos que demarcam anos, meses, semanas, dias, estações, festas litúrgicas e horas canônicas. </div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-rpvgNZi1CnI/Txi9-l9rsOI/AAAAAAAABXI/QfnWbBUG1Pc/s1600/DSC00567.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-rpvgNZi1CnI/Txi9-l9rsOI/AAAAAAAABXI/QfnWbBUG1Pc/s400/DSC00567.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Mais adiante, quando os olhos se acostumam à penumbra, vislumbra-se as pilastras gigantescas que se erguem como sequoias milenares, sustentando todo o peso daquele templo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-eFYDvzrAqtg/Txi-nJRgVYI/AAAAAAAABXQ/19kgW2AOfDs/s1600/DSC00584.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-eFYDvzrAqtg/Txi-nJRgVYI/AAAAAAAABXQ/19kgW2AOfDs/s400/DSC00584.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Então, quando menos se espera, você se dá conta que está no meio de um mosaico imenso que se expande pelo chão formando um fascinante labirinto circular. Trata-se de um símbolo para a mística da fé, uma metáfora da peregrinação terrena do ser humano no intuito de sair do tempo e entrar na eternidade, de comungar com a divindade de Cristo. Um símbolo de um processo lento, que geralmente dura a vida, e que chamamos de conversão.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-vJQNCaB5Jyc/Txi-sdYIJWI/AAAAAAAABXY/6K8Q_AJQ7BI/s1600/DSC00585.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="260" src="http://1.bp.blogspot.com/-vJQNCaB5Jyc/Txi-sdYIJWI/AAAAAAAABXY/6K8Q_AJQ7BI/s400/DSC00585.JPG" width="400" /></a> </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu vi um senhor rezar o terço enquanto percorria o labirinto, e decidi fazer o mesmo. Era dia de contemplação dos mistérios luminosos. A cada conta dedilhada avançávamos três passos. O interessante é que, ao contrários dos demais, este labirinto só tem um caminho a seguir (numa alusão óbvia à pessoa de Cristo), de modo que a meta será sempre alcançada. Curiosamente, o trajeto é tão bem delineado que ora estamos muitos próximos de centro, e ora estamos completamente afastados, denotando neste vai e vem a inconstância de nossa vivência espiritual, a vulnerabilidade de nossa alma que sempre precisa do subsídio da Graça!... Quando enfim se atinge o centro do labirinto, a primeira coisa que nos deparamos é com uma das portas que fica no transepto lateral da nave, e onde há uma escada em espiral que nos conduz ao pináculo mais alto da catedral. O céu era o limite! Fui...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-pCYnG_pYyhc/TxmZezsZ2VI/AAAAAAAABXg/5Fo4dbFRddE/s1600/DSC00597.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-pCYnG_pYyhc/TxmZezsZ2VI/AAAAAAAABXg/5Fo4dbFRddE/s400/DSC00597.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">A subida não é nada fácil, na verdade é horrível, pois a escada é tão estreita quanto cumprida, com degraus onde mal cabem os dois pés e que são um tanto escorregadios. Além disso, o trajeto é de uma sinuosidade tão apertada que a certa altura você sente que a sua coluna está ficando tão retorcida quanto ele. Definitivamente, uma aventura imprópria para quem sofre de problemas cardíacos, artrose, reumatismo ou de uma simples labirintite!... Vai ver o sacristão <i>Quasimodo</i> de Notre Dame ficou corcunda de tanto percorrer esse tipo de escada. </div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-8PPXoIPe3tI/TxmaVqmDa5I/AAAAAAAABXo/-NW9FOc1f7Y/s1600/DSC00593.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-8PPXoIPe3tI/TxmaVqmDa5I/AAAAAAAABXo/-NW9FOc1f7Y/s400/DSC00593.JPG" width="400" /></a></div><br />
Mas há de se convir que o sacrifício vale a pena...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-G9bXHLtdlYw/TxmaqvVhg7I/AAAAAAAABXw/AXexzej-p8w/s1600/DSC00604.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-G9bXHLtdlYw/TxmaqvVhg7I/AAAAAAAABXw/AXexzej-p8w/s400/DSC00604.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-XhWbzzP-gOk/Txma8D_HkxI/AAAAAAAABX4/4iwGBqLm28g/s1600/DSC00607.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-XhWbzzP-gOk/Txma8D_HkxI/AAAAAAAABX4/4iwGBqLm28g/s400/DSC00607.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-EPVDNclLGhE/TxmbVzIlYOI/AAAAAAAABYA/7bFlq1RNmxs/s1600/DSC00610.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-EPVDNclLGhE/TxmbVzIlYOI/AAAAAAAABYA/7bFlq1RNmxs/s400/DSC00610.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-fju_gg1pvEU/Txmbkq9WleI/AAAAAAAABYI/nRCC3We83i4/s1600/DSC00599.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-fju_gg1pvEU/Txmbkq9WleI/AAAAAAAABYI/nRCC3We83i4/s400/DSC00599.JPG" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando desci já era quase meio dia e a missa estava para começar. Naquela manhã eu era o único peregrino presente na igreja, e um dos poucos turistas que ficaram para a missa. Tanto melhor, pois fui objeto de toda a atenção, e o padre logo me requisitou para auxiliá-lo na celebração. Depois fui almoçar num restaurante que fica nos jardins por trás da Catedral... Belos jardins, diga-se de passagem, mas o restaurante estava fechado!... Fiz algumas fotos e voltei para almoçar no café <i>Le Serpente</i>.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-pP-09fkWzVc/TxmsK2hgJRI/AAAAAAAABYQ/xBvD8K_bZRw/s1600/DSC00640.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-pP-09fkWzVc/TxmsK2hgJRI/AAAAAAAABYQ/xBvD8K_bZRw/s400/DSC00640.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-nnfR8awSCT4/TxmsWZgTUqI/AAAAAAAABYY/1gp0EVlO1ig/s1600/DSC00641.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-nnfR8awSCT4/TxmsWZgTUqI/AAAAAAAABYY/1gp0EVlO1ig/s400/DSC00641.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-z3y7mzfY7Oo/Txmsj7_dBvI/AAAAAAAABYg/nq6Ac1KEDok/s1600/DSC00643.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-z3y7mzfY7Oo/Txmsj7_dBvI/AAAAAAAABYg/nq6Ac1KEDok/s400/DSC00643.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-BCIHc5s1Myc/Txms0FOcRfI/AAAAAAAABYo/mrG-Qwevqp8/s1600/DSC00670.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-BCIHc5s1Myc/Txms0FOcRfI/AAAAAAAABYo/mrG-Qwevqp8/s400/DSC00670.JPG" width="400" /></a></div></div><div style="text-align: justify;">Por fim, corri direto para a estação para pegar o trem das 14h. Claro que havia ainda muita coisa para ver e fazer em Chartres, mas o meu tempo era curtíssimo, e uma aventura ainda melhor me aguardava em Paris. </div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-19100393612159141562011-10-09T11:56:00.000-07:002011-10-09T12:18:44.952-07:00Um Trem para a Idade Média<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Chovia fino e ainda estava muito escuro quando acordei, mas já eram seis horas da manhã. O frio e o sono me desencorajavam a sair da cama, mas eu não estava ali para dormir... Naquele dia eu faria uma viagem de três horas e meia rumo ao extremo norte da França, para conhecer o lendário <i>Mont Saint Michel</i> – um dos pontos altos de minha aventura – onde obteria o primeiro carimbo para a minha credencial de peregrino. Para dar sorte, decidi pegar o metrô num lugar homônimo, a <i>Place Saint Michel</i>, que ficava a poucos passos do hotel. E funcionou, pois mal pisei na praça e logo a chuva estiou. Dali, fui até a estação de Montparnasse, da qual parti num trem de alta velocidade em direção à região dos sonhos. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-AiaZRdT5mlw/TpGKa0sMk_I/AAAAAAAABNw/myWShFAnZvQ/s1600/DSC00399.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-AiaZRdT5mlw/TpGKa0sMk_I/AAAAAAAABNw/myWShFAnZvQ/s400/DSC00399.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Sempre fui fascinado por trens, e como aquele seria o meu primeiro passeio de TGV, providenciei para que tudo fosse feito em grande estilo: reservei um assento na primeira classe e resolvi que tomaria o café da manhã no decorrer da viagem. Resolução, aliás, prudentíssima, pois o serviço superou minhas expectativas, tudo absolutamente confortável, organizado, cronometrado, saboroso... O café era perfumado e revigorante; os pães, queijos e geléias não eram desse mundo... Se fosse permitido, eu teria acendido um cigarro!... Estava empolgadíssimo, sentindo-me um autêntico personagem de Graham Green.</span></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 115%;"> </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-CXStP2A-uAk/TpGLjFnQy5I/AAAAAAAABN0/FZ0sCt3Cqug/s1600/DSC00409.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-CXStP2A-uAk/TpGLjFnQy5I/AAAAAAAABN0/FZ0sCt3Cqug/s400/DSC00409.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Transcorridas duas horas e dez minutos, o dia enfim amanheceu e o trem parou numa vilazinha no meio do nada, chamada <i>Dol-de-Bretagne</i>, onde eu fui o único passageiro a descer. O vento era glacial, e a estação, ou melhor, a vila inteira parecia abandonada. Era um lugar tão ermo e frio que quando eu espirrava fazia eco!... Não obstante, segundo o folheto informativo distribuído no trem, seria ali mesmo, em meio àquela desolação, que eu deveria pegar um ônibus rumo à orla do Canal da Mancha, onde fica o <i>Mont Saint Michel</i>, que na verdade é uma ilha. E de fato, conforme o predito, o ônibus já lá estava, do lado de fora da estação, juntamente com o condutor que se aquecia com um copo de café tão cumprido e fumegante quanto uma chaminé. Depois de me saudar, ainda visivelmente sonolento, ele começou a recitar, num automatismo de robô, as mais variadas informações turísticas: deu dicas sobre os horários dos ônibus e das marés, sobre os melhores restaurantes e pratos da ilha, e por fim comentou sobre o tempo dizendo que invariavelmente era ruim, chuvoso... Muito embora – na opinião dele – aquele dia estivesse até ameno, nem chovia tanto e a temperatura parecia agradável... Não para os meus padrões tropicais: a brisa gélida fazia meu rosto arder!</span><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"> </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-PFCPnLu4bfk/TpGNSA9nvNI/AAAAAAAABN4/mQO-q73iqYc/s1600/DSC00414.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-PFCPnLu4bfk/TpGNSA9nvNI/AAAAAAAABN4/mQO-q73iqYc/s400/DSC00414.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como não apareceu mais ninguém, embarcamos. O trajeto até orla durou uns trinta minutos. No caminho, vi moinhos e chalés charmosos, mas tudo muito solitário, afastado. Depois o litoral começou a aparecer, com o mar e o céu formando uma só massa gris. Na tentativa de puxar conversa com o motorista, perguntei se, por acaso, estávamos próximos da praia onde aconteceu o famoso desembarque do Dia D... Tal pergunta, porém, me valeu um daqueles momentos folcloricamente franceses pelo qual todo visitante passa, mais cedo ou tarde, quando revela ignorância das tradições, do protocolo ou, simplesmente, da geografia local: Desprezo!... Expresso inicialmente pelas sobrancelhas, em seguida por um suspiro e finalmente pelo tom da voz: </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Aqui é a Bretanha, não é a Normandia!</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Ah, ta!...</div><span style="line-height: 115%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Recolhi-me amuado. Mas então eis que, de súbito, numa curva do caminho, comecei a vislumbrar a silhueta do Mont Saint Michel surgindo lentamente em meio à bruma; era uma ilha rochosa, ereta, adunca... </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-NyhRf6Ug76k/TpGPOedZQfI/AAAAAAAABN8/06EnAwiG7jA/s1600/DSC00421.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-NyhRf6Ug76k/TpGPOedZQfI/AAAAAAAABN8/06EnAwiG7jA/s400/DSC00421.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Lembra de Morgana dissipando a neblina de Avalon para onde conduzia o corpo de Arthur? Não lembra? Resultado de não ler Tennyson!... Pois era exatamente assim. Fenomenal... Mesmo sem enxergar nitidamente, era coisa para ficar de boca aberta todo um longo dia de outono, até a maresia cariar os dentes!!!... Fe-no-me-nal. </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-kGK_yj_ZMn4/TpGV-cbTvfI/AAAAAAAABOE/8SYDUTTg_nI/s1600/DSC00556.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" src="http://1.bp.blogspot.com/-kGK_yj_ZMn4/TpGV-cbTvfI/AAAAAAAABOE/8SYDUTTg_nI/s400/DSC00556.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Fui deixado na entrada da ilha, cujo acesso era feito por uma ponte levadiça. E quanto mais a bruma se esvaía, mais a admiração aumentava. A Idade Média estava ali na íntegra, majestosamente ilesa, desafiando o Mar, o Tempo e a História. De imediato, fui ao <i>Office de Turisme </i>para conseguir um mapa mais detalhado do que aquele que o motorista do ônibus me dera. Mais detalhado eles não tinham, e depois entendi o porquê: não tem o que detalhar! É tudo minúsculo, impossível de se perder. Tanto melhor!... </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-byAR2wX-iWA/TpGX5h0V0NI/AAAAAAAABOI/UZkfidJ1-t8/s1600/DSC00426.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-byAR2wX-iWA/TpGX5h0V0NI/AAAAAAAABOI/UZkfidJ1-t8/s400/DSC00426.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-JJPCm-2vqBs/TpGaEBb8KbI/AAAAAAAABOM/SlNXLKi_Awc/s1600/DSC00430.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-JJPCm-2vqBs/TpGaEBb8KbI/AAAAAAAABOM/SlNXLKi_Awc/s400/DSC00430.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Depois de três horas sentado, estava doido para andar, e no <i>Mont Saint Michel</i> isso é coisa que se faz vagarosamente. O passeio consiste basicamente em subir pela rua principal, que conduz ao cume da ilha, e depois descer pela muralha que a contorna. Um trajeto curto, mas que demanda quase um dia inteiro, pois são tantas lojas, livrarias, restaurantes e museus particulares que a vontade de xeretar torna-se descontroladamente impulsiva.</span></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 18px;"> </span><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Fui então subindo em meio à multidão de turistas asiáticos que ali estavam hospedados, lotando os hotéis, formando praticamente um segundo contingente demográfico!... Se não fosse pela arquitetura gótica, pelos motivos cristãos de estilo celta e bretão, eu poderia jurar que não estava na Europa, mas em alguma aldeia montanhosa da cordilheira do Himalaia. </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-M9yXUbLsEts/TpGchosVKaI/AAAAAAAABOQ/26L7A7dGrl8/s1600/DSC00433.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-M9yXUbLsEts/TpGchosVKaI/AAAAAAAABOQ/26L7A7dGrl8/s400/DSC00433.JPG" width="300" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rMZO3MWVR2w/TpGefVIa8TI/AAAAAAAABOU/dOY9HIUFHMU/s1600/DSC00428.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-rMZO3MWVR2w/TpGefVIa8TI/AAAAAAAABOU/dOY9HIUFHMU/s400/DSC00428.JPG" width="300" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wq-IvPC4T_A/TpGgVXFH3VI/AAAAAAAABOY/9ZbR3QCuWRQ/s1600/DSC00434.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-wq-IvPC4T_A/TpGgVXFH3VI/AAAAAAAABOY/9ZbR3QCuWRQ/s400/DSC00434.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 17px;">No meio do caminho íngreme, encontrei a <i>Église Paroissiale de Saint Jeane D'Arc</i>, onde a missa iria começar: Pit stop espiritual imprescindível... </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/--MvW7a6pWCA/TpGiE49RN5I/AAAAAAAABOc/9z_nWvQcgf8/s1600/DSC00441.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/--MvW7a6pWCA/TpGiE49RN5I/AAAAAAAABOc/9z_nWvQcgf8/s400/DSC00441.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">As igrejas locais eram mantidas pelos monges e freiras da milenar Ordem de Jerusalém, todos altos e loiros como seus ancestrais vikings e todos de hábitos azuis. Concluída a missa, prossegui na caminhada até chegar à última casa-loja da rua e começar a escadaria que conduzia à magnífica <i>Abadia de Sant Michel</i>: a imensa e pontuda cereja do bolo!... A cada passo da subida, eu ficava pensando no quanto a fé é capaz não só de mover as montanhas, mas de transformá-las em templos belíssimos. E haja escada!... </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-GifY7p-wSoI/TpGjo6A4lXI/AAAAAAAABOg/WqtGFHwsEAM/s1600/DSC00444.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-GifY7p-wSoI/TpGjo6A4lXI/AAAAAAAABOg/WqtGFHwsEAM/s400/DSC00444.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O cansaço, porém, cedia lugar ao fascínio, que provavelmente foi igual ao de Adso de Melk, quando se deparou com o abissal mosteiro do romance “<i>O Nome da Rosa</i>”, de Umberto Eco. Se o edifício parecia gigantesco visto de fora, por dentro era então um microcosmos labiríntico de salas e corredores, celas, capelas, jardins internos e mirantes maravilhosos. Eu ficava imaginando quantos monges teriam construído e vivido naquele complexo imenso, já que hoje não passam de dezenove homens e vinte e seis mulheres. As impressões vinham de mistura, tudo me parecia mágico, trágico, arrebatador. Simplesmente não há como colocar tudo em palavras, e as fotos só dão uma idéia muito pálida do que realmente é aquele lugar. Todavia, prefiro que elas falem...</span></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 115%;"> </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-oGPv4MRgrNk/TpGlOOcX8oI/AAAAAAAABOk/iPfIKTccKuc/s1600/DSC00457.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-oGPv4MRgrNk/TpGlOOcX8oI/AAAAAAAABOk/iPfIKTccKuc/s400/DSC00457.JPG" width="300" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-ZUk1PYzAvDs/TpGqMehGi_I/AAAAAAAABOo/fwzGeeRAyNI/s1600/DSC00474.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-ZUk1PYzAvDs/TpGqMehGi_I/AAAAAAAABOo/fwzGeeRAyNI/s400/DSC00474.JPG" width="300" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-14Z77ISLwyY/TpGsEboSBYI/AAAAAAAABOs/959z_AcG1Bs/s1600/DSC00476.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-14Z77ISLwyY/TpGsEboSBYI/AAAAAAAABOs/959z_AcG1Bs/s320/DSC00476.JPG" width="288" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-DwXaj3b3R04/TpGuc6uDFuI/AAAAAAAABOw/inalYSyLHwI/s1600/DSC00483.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-DwXaj3b3R04/TpGuc6uDFuI/AAAAAAAABOw/inalYSyLHwI/s400/DSC00483.JPG" width="300" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-m5twqHgbr-U/TpGwsj5okaI/AAAAAAAABO0/BOl0RoPF_p0/s1600/DSC00498.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-m5twqHgbr-U/TpGwsj5okaI/AAAAAAAABO0/BOl0RoPF_p0/s400/DSC00498.JPG" width="300" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Jxri4q1soWc/TpG1L1yyBKI/AAAAAAAABO4/rkkC_uEY8jc/s1600/DSC00500.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-Jxri4q1soWc/TpG1L1yyBKI/AAAAAAAABO4/rkkC_uEY8jc/s400/DSC00500.JPG" width="400" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-onV8dO50CY4/TpG4ZNa5mkI/AAAAAAAABO8/p2hPJzip2MA/s1600/DSC00515.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-onV8dO50CY4/TpG4ZNa5mkI/AAAAAAAABO8/p2hPJzip2MA/s400/DSC00515.JPG" width="300" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-rkcpvGG50Ew/TpG6uixt_lI/AAAAAAAABPA/7mU9lFJircA/s1600/DSC00533.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-rkcpvGG50Ew/TpG6uixt_lI/AAAAAAAABPA/7mU9lFJircA/s400/DSC00533.JPG" width="400" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-R9EDMiHzyYA/TpG8wIw4KeI/AAAAAAAABPE/WxWfeFjEHU0/s1600/DSC00545.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-R9EDMiHzyYA/TpG8wIw4KeI/AAAAAAAABPE/WxWfeFjEHU0/s400/DSC00545.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Saí de lá flutuando, com o pensamento deslocado quanto ao tempo, mas inteiramente fixado naquele espaço. Notei que tudo então estava úmido pela garoa soprada do oceano, logo tive que descer a muralha com cuidado para não escorregar. No trajeto, reparei que suas <i>remparts</i> formavam um tipo de atalho que conduzia diretamente à porta da ilha. Além disso, a muralha delimitava a parte habitável da vila com o precipício que dava para o mar, e cuja vista da baía é deslumbrante. </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/--8c_ztVDwZw/TpHAX0GcEmI/AAAAAAAABPI/09X43hirlx0/s1600/DSC00542.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/--8c_ztVDwZw/TpHAX0GcEmI/AAAAAAAABPI/09X43hirlx0/s400/DSC00542.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-SxiNzWJR7E4/TpHNiEM_MAI/AAAAAAAABPM/Lm1fEk3brjc/s1600/DSC00478.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-SxiNzWJR7E4/TpHNiEM_MAI/AAAAAAAABPM/Lm1fEk3brjc/s400/DSC00478.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> <span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;">Fui descendo e pensando no almoço, quando vi um restaurante de frutos do mar lotado, mas com uma mesa ainda vaga. Entrei e fiquei fascinado com os mariscos descomunais que eram servidos!... Era ali mesmo que eu comeria. Sentei e pedi o cardápio já na dúvida quanto à escolha. Mas quando abri a carta, procurando onde estavam os frutos do mar, percebi que só tinha crepe!... Como assim?! Chamei o garçom que estava me atendendo e disse que queria o menu principal. Não tem mais menu. Como não tem mais menu? Passou das 14h, disse ele... Eu protestei que eram só 14:05h. Todos a minha volta estavam comendo menu, e eu não podia mais pedir por míseros cinco minutos? Pensei em levantar e ir embora, mas me segurei, cogitando que provavelmente aconteceria a mesma coisa em qualquer outro restaurante que fosse. E do jeito que estava com fome era melhor ficar por ali mesmo. Tristemente escolhi um crepe, e aproveitei que estava na janela que dava para o mar e tentei me distrair, e não ficar olhando para as mesas dos outros. A propósito, o crepe estava até gostoso.</span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-PxtmOJu0LwA/TpHPaTvNbyI/AAAAAAAABPQ/rGbueTVLG2s/s1600/DSC00448.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-PxtmOJu0LwA/TpHPaTvNbyI/AAAAAAAABPQ/rGbueTVLG2s/s400/DSC00448.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Depois do crepe pedi um bom copo de vinho para dar um ânimo no meu humor que havia nublado. Mas foi só sair do restaurante e olhar novamente a vista das <i>remparts</i> que fiquei feliz novamente!... </span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-hPJeGc2W1tE/TpHRvHTlplI/AAAAAAAABPU/qKPex0t8S6k/s1600/DSC00456.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-hPJeGc2W1tE/TpHRvHTlplI/AAAAAAAABPU/qKPex0t8S6k/s400/DSC00456.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-elPg1xybaW0/TpHYLJgexlI/AAAAAAAABPY/gcCg05ktSzU/s1600/DSC00552.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-elPg1xybaW0/TpHYLJgexlI/AAAAAAAABPY/gcCg05ktSzU/s400/DSC00552.JPG" width="300" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;"><br />
</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;">Desci devagar as rampas e escadas, absorvendo o máximo de detalhes possível, até chegar outra vez na entrada da cidade. Como faltava apenas duas horas para o ônibus chegar, decidi procurar imediatamente a casa onde carimbavam a credencial dos peregrinos. </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Qe-1-rCM-UM/TpHaW438QvI/AAAAAAAABPc/fi2bczLFpYE/s1600/DSC00432.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-Qe-1-rCM-UM/TpHaW438QvI/AAAAAAAABPc/fi2bczLFpYE/s400/DSC00432.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;">E, para máxima tristeza dos meus pés, fui informado que era a mesma casa que ficava lá no fim da rua, junto às escadarias do mosteiro... Subindo!...</span> </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Dm2a9eufg18/TpHcVcoFUwI/AAAAAAAABPg/Q2F9SGlgl5A/s1600/DSC00449.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-Dm2a9eufg18/TpHcVcoFUwI/AAAAAAAABPg/Q2F9SGlgl5A/s400/DSC00449.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;"><br />
</span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-n82_pvVDb58/TpHefB3_0bI/AAAAAAAABPk/bHFy45v3xWU/s1600/DSC00451.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-n82_pvVDb58/TpHefB3_0bI/AAAAAAAABPk/bHFy45v3xWU/s400/DSC00451.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 17px;">O esforço, porém, foi muito bem recompensado, pois o casal de velhinhos, responsável pelo lugar, acolheu-me como se fosse um neto já esperado para o café, que, aliás, foi-me servido com deliciosas “<i>tarte bretonnes aux pommes</i>”. Simpaticíssimos, eles me interrogaram por quase quarenta minutos: queriam saber de onde eu vinha, quais os motivos da minha peregrinação, se estava sozinho... parecia o serviço de imigração! Então, depois de carimbarem a credencial, eles me levaram até uma lojinha que mantinham ao lado da casa, na qual eu comprei um ícone do anjo São Miguel, um chaveiro de pedra em forma de gárrula e um boton com a foto da ilha para colocar na mochila. Nada que pudesse pesar na bagagem e tampouco no bolso. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 17px;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-saJj_5XOLdo/TpHgCQmt42I/AAAAAAAABPo/_qe0oze2rb8/s1600/DSC00435.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-saJj_5XOLdo/TpHgCQmt42I/AAAAAAAABPo/_qe0oze2rb8/s400/DSC00435.JPG" width="300" /></a></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 17px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Por fim, agradeci por tudo e despedi-me. Quando olhei para o relógio vi que faltavam apenas 10 minutos para o ônibus chegar. E dada sua pontualidade, achei melhor correr. Com efeito, quando alcancei a entrada da ilha já pude avistar o ônibus estacionado longe, muito longe, devido ao horário das marés que sobem repentinamente e já se faziam anunciar pela ventania. Essa caminhadinha, pelo menos, rendeu-me algumas fotos mais nítidas do <i>Mont Saint Michel</i>. Eram as imagens de despedida. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;"><br />
</span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-j7ARuyb9PHU/TpHgYg7qKwI/AAAAAAAABPs/LpphFAtOSXM/s1600/DSC00557.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-j7ARuyb9PHU/TpHgYg7qKwI/AAAAAAAABPs/LpphFAtOSXM/s400/DSC00557.JPG" width="400" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-vJAs_nGau30/TpHiGc3VnrI/AAAAAAAABPw/kN-7TF_MxwU/s1600/DSC00423.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-vJAs_nGau30/TpHiGc3VnrI/AAAAAAAABPw/kN-7TF_MxwU/s400/DSC00423.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"> <span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Depois disso tive que esperar pelo trem até as 19h na estação absolutamente deserta e glacial do <i>Dol-de-Bretagne</i>. Durante esse tempo fiquei cogitando na possibilidade de um dia largar tudo e mudar para o <i>Mont Saint Michel</i>... Cogito até hoje!... Quando enfim o trem chegou, constatei que estava quase lotado, só a minha poltrona permanecia desocupada: serviço impecável. Ah, sim, por conta da hora adiantada resolvi jantar ali mesmo. Outra magnífica experiência gastronômica sobre trilhos!... E aqui fica a dica, na França, só viaje de trem. De preferência, num expresso medieval.</span></span></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-32848167223409452902011-08-25T10:36:00.000-07:002011-08-25T14:05:59.008-07:00Foi um longo domingo...<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div>Ainda na praça Vivien, consultei o mapa para ver qual poderia ser o próximo paradeiro do meu passeio dominical. Foi então que descobri que ali perto ficava a <i>Arènes de Lutéce</i>, antigo anfiteatro galo-romano onde, nos tempos de Saint Julien, costumavam usar cristãos e outros tipos de <i>outsiders</i> como pasto para grandes felinos famintos. O mapa dizia que o acesso era gratuito, pois a arena é como uma praça, podendo ser visitada a qualquer dia e horário. Fui!... Para chegar lá desci pelo <i>Quai de la Toumelle</i>, depois segui por uma rua que fica entre o campus da Universidade Paris 6 e o Instituto do Mundo Árabe. A propósito, constatei que aquela vizinhança era predominantemente muçulmana, não de imigrantes em situação ilegal, mas de comerciantes bem-estabelecidos com lojas e restaurantes. As mulheres dali só diferiam das parisienses típicas pelo uso do <i>chador</i>, no mais a maquiagem e as roupas eram tão modernas e elegantes quanto. E foi uma delas que me indicou a porta de um pátio que servia como atalho para a arena.</div><div style="text-align: justify;"><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-aF7XfJB0AdY/TlZp29BU12I/AAAAAAAABMA/QLycDwXNNLk/s1600/portalut%25C3%25A9cia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-aF7XfJB0AdY/TlZp29BU12I/AAAAAAAABMA/QLycDwXNNLk/s400/portalut%25C3%25A9cia.jpg" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-1UMHdRsPplA/TlZp9S0HVkI/AAAAAAAABME/uaVMVgMR_Zk/s1600/arena.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-1UMHdRsPplA/TlZp9S0HVkI/AAAAAAAABME/uaVMVgMR_Zk/s400/arena.jpeg" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Confesso que eu esperava algo como um pequeno Coliseu ou coisa parecida - ledo engano! A Arènes de Lutéce mais parece um campinho de várzea, e de terra batida!... Com efeito, havia até alguns garotos jogando uma peladinha. Nada de mais!... A única coisa que aludia à velha arena romana eram dois portões por onde, suponho eu, soltavam os leões. Mas bem podiam ser confundidos com saídas de esgoto. Fiz algumas fotos e parti.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-51guaglNmjU/TlZrK1nYilI/AAAAAAAABMM/Pi38eVOfrXE/s1600/DSC00264.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-51guaglNmjU/TlZrK1nYilI/AAAAAAAABMM/Pi38eVOfrXE/s400/DSC00264.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ROEfmtRzido/TlZsFB4NpbI/AAAAAAAABMQ/joSqcsrytPQ/s1600/DSC00265.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-ROEfmtRzido/TlZsFB4NpbI/AAAAAAAABMQ/joSqcsrytPQ/s400/DSC00265.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Olhando outra vez o mapa, percebi que aquela rua ficava a alguns quarteirões atrás do Panthéon, e outra não poderia ser a minha próxima parada. Mas chegar lá não era tão simples como o mapa sugeria. A certa altura havia um emaranhado de becos e escadarias nos quais não era muito difícil se perder e, consequentemente, eu me perdi. Claro que se perder nos becos e vielas de Paris não caracteriza um grande problema, muito pelo contrário, é quando você descobre o que há de mais pitoresco na cidade. No meu caso, constatei que a capital francesa é cheia de ladeiras, que são interligadas por antigas escadarias, e que nestas escadarias eles disponibilizam, muito gentilmente, belas fontes para mitigar a sede em meio ao sobe e desce. </div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-PzcPX5KRE3w/TlZs3pGYVNI/AAAAAAAABMU/bxwKl_mnt5k/s1600/DSC00267.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-PzcPX5KRE3w/TlZs3pGYVNI/AAAAAAAABMU/bxwKl_mnt5k/s400/DSC00267.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Mas eis que chego ao Panthéon, na verdade aos fundo do Panthéon que, todavia, não é menos deslumbrante que a fachada.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZVsPyADjwfI/TlZtnpeELwI/AAAAAAAABMY/AAogHMB95Cc/s1600/DSC00269.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZVsPyADjwfI/TlZtnpeELwI/AAAAAAAABMY/AAogHMB95Cc/s400/DSC00269.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Dali era possível ver Le Palais <span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-size: x-small; line-height: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Jardin du Luxembourg</span></span> e a torre Eiffel mais adiante, verdadeiro cartão postal... </div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-nDPYH0seETs/TlZvNx9kykI/AAAAAAAABMg/HlRUES4Wf-Y/s1600/DSC00278.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-nDPYH0seETs/TlZvNx9kykI/AAAAAAAABMg/HlRUES4Wf-Y/s400/DSC00278.JPG" width="400" /></a></div><br />
Eu sabia que ali estavam sepultado todos os grandes gênios da nação francesa: poetas, políticos, filósofos, cientistas, heróis de guerra, etc. E sabia também que originariamente ali funcionara a Igreja de Santa Maria Madalena e que, após a Revolução Francesa, fora confiscada pelo Diretório revolucionário, laicizada, estatizada e transformada em mausoléu público. Eu só não sabia que seria preciso pagar 7 euros para entrar. Mas, fazer o que?... Paguei e entrei, até porque estava começando a chover forte.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-1QEwthKQCks/TlZv7W0jiLI/AAAAAAAABMk/gJwnx6tjpYE/s1600/DSC00281.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-1QEwthKQCks/TlZv7W0jiLI/AAAAAAAABMk/gJwnx6tjpYE/s400/DSC00281.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E valeu a pena. De cara vi logo o famoso Pêndulo de Foucault, que foi construído para comprovar o movimento de rotação da Terra, depois serviu de tema e título para um dos romances de Umberto Eco.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Z2VgzQ0orPM/TlZwiBPu1BI/AAAAAAAABMo/U2vJxRPWjGQ/s1600/DSC00285.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-Z2VgzQ0orPM/TlZwiBPu1BI/AAAAAAAABMo/U2vJxRPWjGQ/s400/DSC00285.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-SOj1iGFbEj8/TlZxQA1HhyI/AAAAAAAABMs/F0kFsNyIImI/s1600/DSC00320.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-SOj1iGFbEj8/TlZxQA1HhyI/AAAAAAAABMs/F0kFsNyIImI/s400/DSC00320.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-B6D1lwQzDuc/TlZx7OLpejI/AAAAAAAABMw/6Ymkmp3RuSw/s1600/DSC00315.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-B6D1lwQzDuc/TlZx7OLpejI/AAAAAAAABMw/6Ymkmp3RuSw/s400/DSC00315.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-VIwHRhW7qps/TlZymz2K3uI/AAAAAAAABM0/HJ97BZ0DDJQ/s1600/DSC00288.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-VIwHRhW7qps/TlZymz2K3uI/AAAAAAAABM0/HJ97BZ0DDJQ/s400/DSC00288.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Seu inventor, o físico Jean Bernard Léon Foucault, está sepultado logo abaixo, numa galeria do subsolo repleta de defuntos ilustres, cujos nomes estão listados nas paredes do mausoléu.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-IZAph2p406I/TlZzRX5zZAI/AAAAAAAABM4/kmYstOTiJN0/s1600/DSC00289.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-IZAph2p406I/TlZzRX5zZAI/AAAAAAAABM4/kmYstOTiJN0/s400/DSC00289.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Essa galeria subterrânea era na verdade o antigo claustro dos monges de Santa Madalena: um labirinto de corredores e escadarias circulares, absolutamente estonteantes. As velhas celas monásticas hoje servem de cripta para as duplas, trios e até quartetos de finados notáveis que ali estão sepultados. Não obstante toda aquela gente fina, elegante e sincera, o que realmente encantava era a arquitetura do lugar, e de tal modo que era impossível a imaginação ficar quieta</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-qxNcCl8CdEM/TlZ6S5MTBmI/AAAAAAAABM8/1xwmGHTioOE/s1600/DSC00296.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-qxNcCl8CdEM/TlZ6S5MTBmI/AAAAAAAABM8/1xwmGHTioOE/s400/DSC00296.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-jACgnxqoa_U/TlZ672mseGI/AAAAAAAABNA/LbZuD3SSLCs/s1600/DSC00297.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-jACgnxqoa_U/TlZ672mseGI/AAAAAAAABNA/LbZuD3SSLCs/s400/DSC00297.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Nos corredores e escadarias em espiral a ideia de perseguição e fuga nos surge de forma irresistível. Numa outra escada, estreita, sinuosa e abrupta, a questão que se impõe é saber se um caixão passaria por ela sem danificar as paredes, e que pacientes manobras seriam necessárias fazer para não derrubar o falecido.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-TW6F4MyE1ts/TlZ7mZ1iwBI/AAAAAAAABNE/QfEApATNhB4/s1600/DSC00306.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-TW6F4MyE1ts/TlZ7mZ1iwBI/AAAAAAAABNE/QfEApATNhB4/s400/DSC00306.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-U4l0NjYZutM/TlZ8K27frbI/AAAAAAAABNI/bEs0FO5pZOA/s1600/DSC00291.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-U4l0NjYZutM/TlZ8K27frbI/AAAAAAAABNI/bEs0FO5pZOA/s400/DSC00291.JPG" width="300" /></a></div><br />
Eu estava inteiramente absorvido nessa tolices quando os seguranças do prédio passaram comunicando que estava quase na hora de fecharem o mausoléu. Mas já?!... Já. A tarde estava adiantada e eu precisa sair dali urgentemente se quisesse pegar o Louvre aberto. Felizmente estava estiado, porém o frio havia triplicado. O bom senso exigia que antes eu passasse pelo hotel e me agasalhasse o mais adequadamente. E isso não seria problema pois o hotel ficava no caminho para o Louvre. Problema mesmo seria conseguir correr com aquelas botas torturantes.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-SPKpTl719uU/TlZ86NItniI/AAAAAAAABNM/QHBQSYsbLvk/s1600/DSC00323.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-SPKpTl719uU/TlZ86NItniI/AAAAAAAABNM/QHBQSYsbLvk/s400/DSC00323.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Juro que fiz o máximo que pude e em pouco mais de quarenta minutos consegui alcançar a indefectível pirâmide de vidro. Mas já era tarde. O museu ainda estava funcionando, no entanto como faltava apenas meia hora para fechar (pois, no domingo, fecha-se às 18h) a venda de ingressos tinha sido encerrada. Logo, minha tão sonhada visita ao Louvre teria que ficar para uma próxima viagem, lamentavelmente.</div>.<br />
<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-FVTF7Qdcitg/TlaANzCKXxI/AAAAAAAABNQ/or1OqaIRBgA/s1600/DSC00350.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-FVTF7Qdcitg/TlaANzCKXxI/AAAAAAAABNQ/or1OqaIRBgA/s400/DSC00350.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-U8BmzThw638/TlaBHrSKCXI/AAAAAAAABNU/4gDkrPU2qLM/s1600/DSC00361.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-U8BmzThw638/TlaBHrSKCXI/AAAAAAAABNU/4gDkrPU2qLM/s400/DSC00361.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-UIrTrHHNb7o/TlaBu1Q-R1I/AAAAAAAABNY/kCsY6bs0T1A/s1600/DSC00362.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/-UIrTrHHNb7o/TlaBu1Q-R1I/AAAAAAAABNY/kCsY6bs0T1A/s400/DSC00362.JPG" width="300" /></a></div><br />
Como consolação fui espiar o que havia dentro daquela famigerada pirâmide, e para minha máxima frustração deparei com um mini-shopping subterrâneo, onde se vendia desde tablets da Apple, joias Cartier, até telas de artistas contemporâneos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RTiBpg72iSY/TlaCZylfJBI/AAAAAAAABNc/tsSlVLFtW6M/s1600/DSC00369.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-RTiBpg72iSY/TlaCZylfJBI/AAAAAAAABNc/tsSlVLFtW6M/s400/DSC00369.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-fjaqNJvAjnY/TlaDHVLweMI/AAAAAAAABNg/4HTSBGYQ-hs/s1600/DSC00370.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-fjaqNJvAjnY/TlaDHVLweMI/AAAAAAAABNg/4HTSBGYQ-hs/s400/DSC00370.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;">Nada que fosse do meu inter$$e. Tirei algumas fotos e saí por uma escadaria que conduzia ao pórtico do<i> Jardin des Tuileries</i>, o famoso <i>Carrousel du Louvre</i>.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-otxaOtwBbbs/TlaDyANVHnI/AAAAAAAABNk/kPIuibdqEU4/s1600/DSC00383.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-otxaOtwBbbs/TlaDyANVHnI/AAAAAAAABNk/kPIuibdqEU4/s400/DSC00383.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-_eykG9x8w9M/TlaEdq54sVI/AAAAAAAABNo/YXoVciLXDW4/s1600/DSC00384.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-_eykG9x8w9M/TlaEdq54sVI/AAAAAAAABNo/YXoVciLXDW4/s400/DSC00384.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-suSg5l2k7LE/TlaFGtkfRiI/AAAAAAAABNs/tkQKUTMFGZg/s1600/DSC00388.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-suSg5l2k7LE/TlaFGtkfRiI/AAAAAAAABNs/tkQKUTMFGZg/s400/DSC00388.JPG" width="400" /></a></div><br />
É claro que pensei em dar um passeio pelas Tuileries, mas dois fatores me impediram: o fator chuva (que havia recomeçado) e o fator botas (que jamais cessava de doer). Ademais, entardecia, e visitar um parque a noite não seria uma boa ideia, mesmo que fosse em Paris. Ficaria para a próxima visita. Aquele domingo tinha sido bastante longo, assim como esta postagem. Portanto, o <i>Carrousel</i> foi o ponto final. </div></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-37703324231413397862011-08-20T19:43:00.000-07:002011-08-21T08:08:59.397-07:00Uma praça, uma igrejinha e o estranho Caminho de Santiago... em plena Rive Gauche!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Domingo é dia de ir à Igreja, pelo menos para mim. E como em Paris, praticamente, só as igrejas e os museus ficam abertas aos domingos, decidi que este seria o meu programa. Saindo então da <i>Shakespeare and Co.</i>, desci pelo cais de Montebello até a <i>Place Vivien</i>, em cujo centro se esconde, acanhada e modesta, a Igreja de “<i>Saint Julien o Hospitaleiro</i>” (atentem bem nestes dois nomes, <i>Vivien </i>e<i> Julien</i>, depois comento!). Aquela igreja era objeto de minha curiosidade desde que li o conto homônimo de Flaubert que, de forma muito romanesca, narrava a trajetória do sanguinário príncipe gaulês que se converteu ao Evangelho nos primórdios do Cristianismo, e tornou-se um eremita, manso e humilíssimo, que ajudava os fugitivos na travessia do rio Sena, quando Paris era ainda uma desassossegada Lutécia recém invadida e arruinada pelos bárbaros do Norte. Reza a lenda que apenas Saint Julien teve coragem de não fugir para ajudar os que não podiam fugir. Para saberem mais desta legenda áurea, leiam o conto, é de uma beleza ímpar.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-DnaqPfe3vqU/TlBuo3Jx-rI/AAAAAAAABLs/VtUvvoLAUvI/s1600/DSC00254.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://3.bp.blogspot.com/-DnaqPfe3vqU/TlBuo3Jx-rI/AAAAAAAABLs/VtUvvoLAUvI/s400/DSC00254.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Essa igrejinha tinha acabado de passar por uma limpeza profunda na fachada e resplandecia como um castelo de areia. E apesar de sempre ter sido uma igrejinha, era lá que acontecia uma das mais belas cerimônias da Idade Média, quando o <i>rector maginificus</i> da Sorbonne transmitia a seu sucessor o manto de arminho e o saco de veludo contendo o selo da universidade. Foi lá que o jovem Dante, então aluno de direito, compôs os primeiros cantos do Inferno. E antes dele, o doutor Santo Tomás de Aquino, entre o intervalo de uma aula e outra, também passava por lá para rezar e cochilar. E apesar de hoje está encravada no agitado coração de Paris, essa igrejinha conserva misteriosamente o acolhedor aspecto de uma capela rural – basta cruzar a praça e o jardim que a circundam, para se sentir no campo, ou no arrabalde de uma remota província romana, que tanto poderia ser Lutécia ou a Síria. </div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-EK2D3k3Ea9k/TlBvAYuXj2I/AAAAAAAABLw/ZXcAvX7WCiE/s1600/DSC00253.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-EK2D3k3Ea9k/TlBvAYuXj2I/AAAAAAAABLw/ZXcAvX7WCiE/s400/DSC00253.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Digo isso porque desde o século XIX, o Vaticano confiou a igreja de Saint Julien à comunidade católica sírio-libanesa, que de bom grado ali se instalou, erguendo uma enorme iconóstase que narra toda a vida de Saint Julien, e que serviria de inspiração a Flaubert.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-HnOhyhRXWeg/TlBvJF4MSLI/AAAAAAAABL0/H4Xpm8sKglA/s1600/DSC00255.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-HnOhyhRXWeg/TlBvJF4MSLI/AAAAAAAABL0/H4Xpm8sKglA/s400/DSC00255.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Depois de algumas fotos furtivas em meio à missa de rito maronita, sai da igreja para comer um dos deliciosos sanduíches de faisão que dois irmãos libaneses vendem na única barraquinha da Place Vivien. Daí eu fui me sentar debaixo da mais antiga árvore de Paris, uma acácia de 400 anos (verdadeiro xodó dos parisienses), que fica junto de um poço igualmente vetusto.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-uuxLKUa8q98/TlEe7BTGgAI/AAAAAAAABL8/S3Sks9z2qhQ/s1600/Ac%25C3%25A1cia+Saint-Julien.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-uuxLKUa8q98/TlEe7BTGgAI/AAAAAAAABL8/S3Sks9z2qhQ/s400/Ac%25C3%25A1cia+Saint-Julien.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div> Ali mordi a suculenta e longilínea baguete recheada de faisão, deixando o molho de azeite escorrer pelo canto da boca, tomando uma lata de fanta... estava feliz, feliz, feliz... era Paris! Enquanto isso ficava olhando a Ile de La Citè, à frente, dominada pela Notre Dame; e bem ao lado da praça, o Caminho de Santiago de Compostela que hoje cruza o centro de Paris com o nome de Avenida Saint Jacques de Compostelle. Na hora não me dei conta, só percebi muitos dias depois, mas eu estava na praça Vivien, recostado na Igreja de Saint Julien, contemplando o caminho de Santiago. Prestem bem atenção neste detalhe, para mim seria muito significativo. Mas só depois. </div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-61856497287823824432011-04-16T10:21:00.000-07:002011-04-16T11:35:00.733-07:00Shakespeare and Company<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Y47DcGIJJ6s/TamPzMMCMLI/AAAAAAAABKY/KgtELj4rZf8/s1600/DSC00251.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-Y47DcGIJJ6s/TamPzMMCMLI/AAAAAAAABKY/KgtELj4rZf8/s400/DSC00251.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Estava eu tomado meu petit dejuné às margens do Sena, olhando a Notre Dame, conforme a praxe secular dos que ali tomam café, quando o vento frio voltou a soprar, trazendo um barulhinho bom, familiar, que vinha de algum lugar sob um letreiro amarelo e verde. Era som de chuva, de águas, de Março... Paguei a conta e fui averiguar.</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-EFcC6x4H9sI/TamSoEdIDNI/AAAAAAAABKc/HXkKHdbXylM/s1600/DSC00252.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-EFcC6x4H9sI/TamSoEdIDNI/AAAAAAAABKc/HXkKHdbXylM/s400/DSC00252.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Qual não seria a minha surpresa, naquela manhã de domingo, ao testemunhar a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">chanson fraçaise</i> brincando lindamente de bossa nova, na voz sublime de Stacey Kent, que, de dentro de um gramofone rouco, abafado, cantava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Les Eaux de Mars</i> na porta da livraria mais lendária de Paris, quiçá da Europa, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Shakespeare and Company</i>!... Qual não seria a sua surpresa? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-qbAf_VvMw20/TamU0jM_07I/AAAAAAAABKg/qtz2ooewwQc/s1600/DSC00220.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-qbAf_VvMw20/TamU0jM_07I/AAAAAAAABKg/qtz2ooewwQc/s400/DSC00220.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Juro que não lembrava, que não a vi, por mais que tivesse planejado visitá-la, por mais que tivesse lido e relido as memórias de sua fundadora, Sylvia Beach, e do seu mais recente apologista, Jeremy Mercer, quase passei desapercebido. Mas aquilo que os olhos não vêem os ouvidos ouvem... Oi? Nunca ouviu falar? Então deixe que lhe conte, e mostre...</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-hDlF9THA72c/TamXX-VpGfI/AAAAAAAABKk/I5b_pUEpfSA/s1600/DSC00224.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-hDlF9THA72c/TamXX-VpGfI/AAAAAAAABKk/I5b_pUEpfSA/s400/DSC00224.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-XQCx1cV0HGI/TamaFPdPp3I/AAAAAAAABKo/CyBgEesEVhw/s1600/DSC00223.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-XQCx1cV0HGI/TamaFPdPp3I/AAAAAAAABKo/CyBgEesEVhw/s400/DSC00223.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">A <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Shakespeare and Company</i> fica bem no limite esquerdo da Rive Gauche, bastante perto do Sena para que um pedacinho de croissant chegue facilmente <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a boca dos peixes que ali nadam, desde que bem arremessado por alguém que lá esteja sentado, distraído, folheando os livros que eles dispõem sobre os bancos da calçada... É claro que roubam os livros, mas eles não se importam. E este é mais um dos pitorescos detalhes da grife <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Shakespeare and Company</i>.</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Nn6IKCuxFuA/TamckWzTZiI/AAAAAAAABKs/UA8Q7ihzCW8/s1600/DSC00222.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-Nn6IKCuxFuA/TamckWzTZiI/AAAAAAAABKs/UA8Q7ihzCW8/s400/DSC00222.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-w87VdNbSjCE/Tamew4f1C9I/AAAAAAAABKw/fLiRLI-SF5o/s1600/DSC00231.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-w87VdNbSjCE/Tamew4f1C9I/AAAAAAAABKw/fLiRLI-SF5o/s400/DSC00231.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">A fundação desta livraria remonta à primeira década do século XX, quando uma jovem norte-americana decidiu mudar-se para Paris e abrir um salão literário onde se reuniam todos os escritores sem-eira-nem-beira que, sabe-se lá por que, haveriam de se tornar nalguns dos grandes clássicos da modernidade!... Todo mundo ia lá, de Proust a Joyce, de Colette a Hemingway, de Jean Cocteau a Samuel Beckett, de Henry Miller a Anaïs Nin, de Charles Bukowski a Julien Green, de Sartre a Simone Beauvoir , de Jorge Luis Borges a Truman Capote, cujos autógrafos e retratos lá foram deixados, em desalinho, grudados nas paredes. Mas, claro, em épocas diferentes. </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-zVBCZex5oJk/TamhR4C-GII/AAAAAAAABK0/CN005OLayGc/s1600/DSC00227.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-zVBCZex5oJk/TamhR4C-GII/AAAAAAAABK0/CN005OLayGc/s400/DSC00227.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Com efeito, ainda hoje, essa loja fabulosa, que preserva todas as características de antanho - sendo até administrada por uma Sylvia Beach II! - continua a atrair jovens postulantes a glória literária de todos os cantos do mundo, sem falar nos milhares de leitores e não-leitores românticos que ali vão mais por curiosidade, por uma foto, ou várias... Assim como eu!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-AYpCmniP0Fg/Tamqi2rPycI/AAAAAAAABK4/t9uGRyFmNZ4/s1600/DSC00225.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-AYpCmniP0Fg/Tamqi2rPycI/AAAAAAAABK4/t9uGRyFmNZ4/s400/DSC00225.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">E não podia ser diferente. A <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Shakespeare and Company</i> é simplesmente singular, um desses lugares que dão a nossa profanidade de leigo o gosto de uma iniciação. Naquele majestoso e bagunçado labirinto dos produtos do raciocínio e da imaginação, jazem entulhados, atochados, mais de 100 mil volumes, quase todos essenciais à aquisição de um pingo de cultura humana!... E sobem pelas paredes, espalham-se pelo chão. Logo na entrada notei, em ouro numa lombada verde, o nome de Lovecraft. Era pois a seção do medo. Avancei – e percorri, espantado, oito metros de ficção de terror e suspense. Depois avistei os filósofos e os seus comentadores, que revestiam toda uma parede, desde as escolas pré-socráticas até os pós-estruturalistas. Naquelas pranchas se acotovelavam mais de duzentos sistemas – e todos se contradiziam. Mais adiante sobrevinha o teatro universal, solene e imenso como uma onda de brochuras, umas grossas outras esquálidas, todas rescendendo mofo, e todas investiam contra a parede... Ésquilo, Sófocles, Ariosto, Racine, Marlowe,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Lope de Vega, Moliére, Pirandello, Shaw, Arthur Miller, até<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>culminar nas obras do Bardo.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-DgI9S6ZYteM/TamwoWwqVeI/AAAAAAAABK8/zwVtvXvtRDE/s1600/DSC00226.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-DgI9S6ZYteM/TamwoWwqVeI/AAAAAAAABK8/zwVtvXvtRDE/s400/DSC00226.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Contornei esse mar e deparei-me com os romancistas, todos, encurralados, sobrepostos como terra de aluvião tapando uma escarpa milenar. Foi então que começou a escalada, passando do picaresco ao barroco, dos românticos aos realistas, dos impressionistas aos de hoje!</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6in4WXLjX6I/Tamy3UW_oeI/AAAAAAAABLA/nt9wDHV_N-s/s1600/DSC00233.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-6in4WXLjX6I/Tamy3UW_oeI/AAAAAAAABLA/nt9wDHV_N-s/s400/DSC00233.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-QKKOOdvWn64/Tam1sjOoemI/AAAAAAAABLE/QWVuYfs_SKg/s1600/DSC00245.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-QKKOOdvWn64/Tam1sjOoemI/AAAAAAAABLE/QWVuYfs_SKg/s400/DSC00245.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Essa estante subia uma escada e terminava numa janela que dava para o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quais de Montebello</i>. Apertei as cortinas de veludo, e por trás descobri outro considerável ajuntamento de tomos, todos de religião, de teologia e exegese, que trepavam montanhosamente até os últimos vidros, obscurecendo, vedando o ar e a luz do Criador.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-WctVPDvA6Tc/Tam5dYd1M-I/AAAAAAAABLI/VyQ6p1hLqTE/s1600/DSC00241.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-WctVPDvA6Tc/Tam5dYd1M-I/AAAAAAAABLI/VyQ6p1hLqTE/s400/DSC00241.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Mas adiante tudo rebrilhava, em marroquins claros, na seção amável dos poetas: de Homero a Dante, de Safo a Sylvia Plat, de Baudelaire a Neruda!... <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E como um repouso para a alma cansada de todo aquele saber e verbosidade, sobrevinha, colorida e contígua, a literatura infantil. Ali num recanto de parede coberto de bilhetes, entre um piano e uma maquina de datilografar, eu cedi à sedução das almofadas, trinquei um biscoito, abri um exemplar de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Madeline</i>, e me deixei estar, largo e fofo, gozando todo o aconchego e boa vontade das Madames Beach – primeira e segunda.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-xHX2gbqKKFU/Tam7oR7inYI/AAAAAAAABLM/udMaCawpsXM/s1600/DSC00236.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-xHX2gbqKKFU/Tam7oR7inYI/AAAAAAAABLM/udMaCawpsXM/s400/DSC00236.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-FFxbU8YO9FM/Tam-X9QxAdI/AAAAAAAABLQ/YxdBGy4mP6Q/s1600/DSC00235.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-FFxbU8YO9FM/Tam-X9QxAdI/AAAAAAAABLQ/YxdBGy4mP6Q/s400/DSC00235.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-GhDVul7-NhY/TanAtYces0I/AAAAAAAABLU/ySr2uc76SiE/s1600/DSC00230.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-GhDVul7-NhY/TanAtYces0I/AAAAAAAABLU/ySr2uc76SiE/s400/DSC00230.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Sim, porque apesar do cheiro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hippie</i> de ruína e dos sonhos fracassados que impregna seu ambiente, a loja continua sendo super acolhedora, com biscoitos, chá ou café quentinho para quem quiser, com suas poltronas alcochoadas e suas camas barulhentas, entre biombos de laca verde e densas cortinas de feltro vermelho, com divãs onde os clientes sentam, deitam e rolam, lêem e dormem, sem que ninguém, absolutamente ninguém, os perturbe. E se for o caso, podem até morar na livraria, literalmente. É ou não é uma “verdadeira” lenda?</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-kGgGqAGnZCg/TanDYfAbx0I/AAAAAAAABLY/xuAr28wuIG0/s1600/DSC00249.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-kGgGqAGnZCg/TanDYfAbx0I/AAAAAAAABLY/xuAr28wuIG0/s400/DSC00249.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Quando saí de lá, vi Whitman saudando todos os passantes, tanto os que chegavam como os partiam, dizendo: <em>Estrangeiro, tu que passa, nem sabe com que ardente desejo te olh</em>o!</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-tz0JqCKcSRM/TanF6fyyeQI/AAAAAAAABLc/QHv4dnI8W40/s1600/DSC00247.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-tz0JqCKcSRM/TanF6fyyeQI/AAAAAAAABLc/QHv4dnI8W40/s400/DSC00247.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E mademoiselle Kent ainda cantava, "<em>Samba Saravah"</em>:</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><em>On m'a dit qu'elle venait de Bahia</em><em><br />
</em></div><em>Qu'elle doit son rythme et sa poésie a</em><br />
<em>Des siècles de danse et de douleurs...</em>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-75286695263622427052011-04-03T13:54:00.000-07:002011-04-03T13:54:20.105-07:00Memórias (e bobagens) do subsolo!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Qr3VfpNgMgY/TZi4wgluMgI/AAAAAAAABJs/U-d7kRurTz0/s1600/DSC00193.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-Qr3VfpNgMgY/TZi4wgluMgI/AAAAAAAABJs/U-d7kRurTz0/s400/DSC00193.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Embora faminto e batendo os dentes de frio, eu ainda fiquei um bom tempo no meio da place Notre Dame importunando os outros turistas para me ajudarem com minhas fotos (um saco!). Por sorte, encontrei, ou melhor, fui encontrado por um casal de jovens parisienses simpaticíssimos que, muito compadecidos, dispuseram-se em acabar com aquela mendicância fotográfica – que, cá pra nós, é uma das piores agruras de quem viaja sozinho. Mas então começou a ventar e chover forte, o jovem casal logo me devolveu a câmera e fugiu, e eu sem saber para onde ir, despenquei numa escadaria que julgava ser uma entrada do metrô, mas, para minha grande surpresa, era o acesso da Cripta Arqueológica de Paris.</div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-DxHWg8ssYIY/TZi8kLb9bvI/AAAAAAAABJw/QXCtPf7m1A4/s1600/DSC00215.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-DxHWg8ssYIY/TZi8kLb9bvI/AAAAAAAABJw/QXCtPf7m1A4/s400/DSC00215.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Felizmente o lugar estava aberto e o ingresso não era tão caro (5 euros). Paguei, entrei e já fui logo fotografando. De cara, vi três maquetes interessantes mostrando a Île de la Cité em três momentos históricos distintos. Primeiro, na fase pré-histórica, quando não havia nada, a não ser o Sena, a ilha, e as colinas que hoje são os bairros altos de <em>Montparnasse, Montmartre, Chailot</em>, etc. Depois, na outra maquete, a colônia romana, urbanisticamente projetada, que então se chamava <em>Lutércia.</em> Por fim, a Paris da dinastia Merovíngia, que já era a segunda maior cidade da Cristandade medieval, perdendo apenas para Constantinopla.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-mi-V87VkjsA/TZi-S_Dz9RI/AAAAAAAABJ0/KRYmY7rVugk/s1600/DSC00195.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-mi-V87VkjsA/TZi-S_Dz9RI/AAAAAAAABJ0/KRYmY7rVugk/s400/DSC00195.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><strong>A cor azul-escura, em contraste com a mais clara, </strong></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><strong>corresponde a atual conformação do rio Sena, que antes era bem mais caudaloso.</strong></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-haQM_xpu2lw/TZjAu1hXoJI/AAAAAAAABJ4/_ld6PBtGhqM/s1600/DSC00196.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-haQM_xpu2lw/TZjAu1hXoJI/AAAAAAAABJ4/_ld6PBtGhqM/s400/DSC00196.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><strong><span style="font-size: x-small;">Avenidas longas e paralelas davam forma ao plano urbanísitico</span></strong></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><strong><span style="font-size: x-small;">da colônia romana que daria origem a Paris.</span></strong></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ytR2QrYBF-8/TZjDCYWipgI/AAAAAAAABJ8/-E1EI86S_3Q/s1600/DSC00197.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-ytR2QrYBF-8/TZjDCYWipgI/AAAAAAAABJ8/-E1EI86S_3Q/s400/DSC00197.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><strong><span style="font-size: x-small;">Essa longa muralha que circunda a Paris medieval ocupava o lugar</span></strong></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><strong><span style="font-size: x-small;">que hoje é o Boulevard Saint German.</span></strong></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">No mais, vinham os alicerces da velha Lutércia, um vasto emaranhado de pedregulhos (uns ainda inteligíveis, outros nem tanto) que se estendiam ao longo de todo o subsolo da praça, bem como da Catedral. Interessante é que, a certa altura, presenciei duas adolescentes espanholas (aliás, de língua espanhola) apontarem para uma determinada ruína dizendo que era ali a entrada do templo de Isis, que Dan Brown, em não sei qual dos seus romances, jurara que a Igreja Católica, malvada como ela só, havia usurpado para então construir a Notre Dame. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-dh4jnc3f44k/TZjFcKBpRKI/AAAAAAAABKA/0NwZRYvGL5s/s1600/DSC00200.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-dh4jnc3f44k/TZjFcKBpRKI/AAAAAAAABKA/0NwZRYvGL5s/s400/DSC00200.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-a4IpC4zrde8/TZjHrgqKflI/AAAAAAAABKE/SvPj1PRwDCY/s1600/DSC00208.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-a4IpC4zrde8/TZjHrgqKflI/AAAAAAAABKE/SvPj1PRwDCY/s400/DSC00208.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Eu não me contive e falei: alôoooouuuu, a Catedral só foi construída no século XI, quando não havia mais nenhum romano, e muito menos “hipotéticos-imigrantes-egípcios-adoradores-de-Isis” morando em Paris!... Mas elas teimaram, porque o magister dixte, mestre Dan Brown falou que a etimologia da palavra romana Paris vinha de Per-Isis (para Isis), e que ali havia uma grande pedra trapezoidal em ônix que é um centro magnético usado pelos sacerdotes antigos para realizar operações médicas, e... quem era eu para discordar?... Ora, eu era apenas alguém que sabia ler e, por isso mesmo, estava lendo uma placa que, muito nitidamente, declarava ter sido aquilo tudo uma simples terma, ou seja, um banheiro público que funcionou até o século IV da era cristã, e onde as pessoas faziam coisas muito distintas do que adorar uma deusa oriunda do nordeste da África!... E a placa também não mencionava nenhuma pedra ônix de ultra-sonografia ou ressonância magnética. E Paris não vem de Per-Isis, mas de parisii, a tribo gaulesa que primeiro ocupou aquele lugar!... Confesso que eu já estava tremendo e sem fôlego.</span> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-S7TCuqoe2GQ/TZjJ4022wmI/AAAAAAAABKI/SrcTtUTfLA0/s1600/DSC00213.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-S7TCuqoe2GQ/TZjJ4022wmI/AAAAAAAABKI/SrcTtUTfLA0/s400/DSC00213.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-9WmiwtarHv0/TZjMDP3vBFI/AAAAAAAABKM/WHBAqFdKS0Y/s1600/DSC00210.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-9WmiwtarHv0/TZjMDP3vBFI/AAAAAAAABKM/WHBAqFdKS0Y/s400/DSC00210.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Elas viram a placa, viram as piscinas e os tubos de cerâmica, viram até uma pedra com a inscrição latina <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lutetia-Parisiiorum</i>, mas não se mostraram nem um pouco convencidas: podia ser manipulação da Igreja!... Oi, como assim? Aquela cripta pertence ao Estado Laico Francês, e não a Igreja Católica. E se pertencesse a Igreja - manipulação por manipulação - seria muito mais fácil manter aquilo tudo soterrado na poeira do esquecimento onde jazeram por séculos! Ou então, no caso da pedra-mágica-com-doppler, seria melhor guardá-la num cofre nos subsolos do Vaticano. E onde estava essa fantástica kriptonita egípcia? Ficou invisível, ou só os inteligentes podiam vê-la?... Quer saber? Chega de papo! Não iria desperdiçar meu precioso passeio contestando afirmações tão francamente ridículas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se há um esforço inútil e extenuante, é o de contestar bobagens. Debitei aquilo na conta dos seus verdes anos e da péssima literatura que consumiam. Se bem que Dan Brown não tem culpa da burrice de ninguém!... Então, como já estava estiado, guardei minha câmera fotográfica e fui tomar café. Bonjour! <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-52813510716976462412011-04-02T15:07:00.000-07:002011-04-02T15:33:15.550-07:00Quem disse que Paris não vale uma missa?<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Assim começa o salmo 122: <em>Que alegria quando me disseram vamos à casa do Senhor!... </em>Era domingo de manhã, e eu tinha ido para o “Banquete da Vida” num dos endereços parisienses mais chiques de Deus: a Catedral de Notre Dame!... Havia duas filas de acesso: do lado esquerdo, uma fila curta, rápida, pouco concorrida, porque era a dos que pretendiam participar da missa; e do lado direito outra bem mais extensa, tumultuada, ruidosa porque era a fila dos turistas apressados, interessados apenas em fotografar. Ou seja, da entrada já se tinha uma medida clara da vida espiritual deste século fútil e desconfiado. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-y4GbX3RcFNU/TZd8KKVS1VI/AAAAAAAABJU/j5EKTP3kM3s/s1600/DSC00188.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-y4GbX3RcFNU/TZd8KKVS1VI/AAAAAAAABJU/j5EKTP3kM3s/s400/DSC00188.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Mas como a arte tem o condão pedagógico de provocar as almas mais distraídas ou obtusas, os passantes logo se arrependiam de sua pressa e, uma vez assaltados pela majestade da nave principal onde ecoavam hipnóticos cânticos gregorianos, eles logo furavam os cordões de isolamento e tomavam lugar nos assentos disponíveis. Era sempre assim...</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-NKX9COA9yDg/TZeA1wXpEdI/AAAAAAAABJY/-rdjL9OcaFc/s1600/DSC00137.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-NKX9COA9yDg/TZeA1wXpEdI/AAAAAAAABJY/-rdjL9OcaFc/s400/DSC00137.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-KpuP1ToR_lM/TZeK_zalCaI/AAAAAAAABJc/gHTnGNp65yQ/s1600/DSC00176.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-KpuP1ToR_lM/TZeK_zalCaI/AAAAAAAABJc/gHTnGNp65yQ/s400/DSC00176.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Naquela manhã celebrava-se <em>Côme et Damien</em> (São Cosme e São Damião), dois jovens médicos sírios, do século II, que conciliaram medicina e fé numa missão duplamente salvadora ao redor do mediterrâneo, onde então foram mortos por soldados pagãos a mando de Diocleciano. Ironicamente, séculos depois, pagãos sofisticados agora folheavam o saltério, comovidos com a narrativa daquela legenda áurea, cantada no <em>oratorium</em> de Gounod, por um diácono negro com suabilíssima voz de barítono... E eu, cá comigo, ficava me perguntando que tipo de arte a incredulidade pode inspirar?</div> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Z_q2OaQVNhY/TZeORecYXAI/AAAAAAAABJg/_bDl4kk-63w/s1600/DSC00145.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-Z_q2OaQVNhY/TZeORecYXAI/AAAAAAAABJg/_bDl4kk-63w/s400/DSC00145.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Ite, missa est</span></i><span style="font-family: 'Georgia','serif';">!... Cantou o diácono terminando a celebração. Agora sim, de alma leve e elevada, as pessoas podiam sacar suas câmeras fotográficas para percorrer a catedral. E tantos foram os <em>flashes</em> disparados que mais parecia um começo de tempestade. Mas não era para menos: o esplendor estético revelava-se mais forte no pormenor do que na magnitude do conjunto, por isso a cada passo as pessoas se quedavam contemplativas.</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-F5qgQx6pMTY/TZeT9gaJoPI/AAAAAAAABJk/aHxqQSe7MwA/s1600/DSC00569.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-F5qgQx6pMTY/TZeT9gaJoPI/AAAAAAAABJk/aHxqQSe7MwA/s400/DSC00569.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Elstir, personagem de Proust, assim explica este fenômeno: "<em>trata-se da mais bela Bíblia ilustrada que uma massa inculta poderá ler. O Homem-Deus, a Virgem-Mãe e os baixos-relevos onde se expõe suas vidas constituem a expressão mais terna e inspirada desse longo poema de adoração e louvor que a Idade Média vai estendendo aos olhos do bárbaro de ontem e de hoje. Não podes imaginar, além da minuciosa exatidão para traduzir o texto sacro, quantos achados de delicadeza teve o velho escultor, que pensamentos profundos e que encantadora poesia!... Pois então, meu caro, eis ali todo o Evangelho compactado em pedra, todo um gigantesco poema teológico e simbólico para educação dos corações toscos."</em> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-AHpfSnXw3UE/TZeYgXM0gRI/AAAAAAAABJo/IbLMU0M3N6A/s1600/DSC00184.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-AHpfSnXw3UE/TZeYgXM0gRI/AAAAAAAABJo/IbLMU0M3N6A/s400/DSC00184.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Meu coração saiu educado e aquecido, mas do lado de fora, soprando uma aragem gélida, eu tive que correr para o café mais próximo, onde pudesse aquecer o restante do corpo com uma boa xícara de capuccino.</div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-54811879950258784092011-03-19T15:28:00.000-07:002011-03-19T15:45:17.733-07:00As Duas Torres<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-tXvQBGBeBc0/TYTj7LUamdI/AAAAAAAABIM/B0yK43qla00/s1600/DSC00089.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-tXvQBGBeBc0/TYTj7LUamdI/AAAAAAAABIM/B0yK43qla00/s400/DSC00089.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">À medida que o barco se aproximava da <em>Torre Eiffel</em> (cuja vista desde o rio Sena é simplesmente impressionante) uma imagem começava a se formar em minha mente: a de que aquele monstrengo empertigado e esguio, não era uma estrutura de ferro, mas o esqueleto jurássico de um brontossauro que, há milhões de anos, na tarde apocalíptica que os haveria de extinguir, passou por ali faminto, erguendo o pescoço alongado para pastar a copa verdinha de uma conífera igualmente longa!... E eis que um meteoro imenso, candente, riscou o céu num horripilante rugido sideral, caindo, precipitando-se, espatifando-se, sumindo ao longe, e daí a pouco sobreveio um abalo sísmico, soprou um vento impetuoso, que imediatamente foi sucedido por uma ardente onda de energia térmica, que se alastrou pelo planeta, devastou os vales, florestas, desencadeou tsunamis, e atingiu o brontossauro distraído, calcinando-o até os ossos, imóvel, e assim o preservou na pose longilínea e hedonista de quem, ao invés de se desesperar, ocupou-se em gastar seus últimos instantes da vida na degustação de uma saborosa conífera, que então se consumiu, retorceu e fumegou qual um fósforo gigante!... Acabou-se tudo, exceto a ossada do gigante pré-histórico, que até hoje ali permanece!... </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-r8raVS9miSk/TYTnU7IObhI/AAAAAAAABIQ/Znn52Rou1vA/s1600/DSC00092.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-r8raVS9miSk/TYTnU7IObhI/AAAAAAAABIQ/Znn52Rou1vA/s400/DSC00092.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Quanta bobagem, eu sei, mas preferia imaginar isso a ter que aceitar a futilidade cafona e monumental daquela torre feiosa. Minha antipatia era tanta que, quando o barco aportou no cais, tive a impressão de sentir o cheiro desagradável de ferrugem. Para que então fui até lá?... Bem, acho que para usufruir do único benefício que aquela torre proporciona: uma vista singular de Paris!... </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-ThHxql7hBPQ/TYTnzUa_9QI/AAAAAAAABIU/SVJMhqVWtVs/s1600/DSC00093.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-ThHxql7hBPQ/TYTnzUa_9QI/AAAAAAAABIU/SVJMhqVWtVs/s400/DSC00093.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';"><span style="mso-spacerun: yes;">Mas tudo tem seu custo (e no fim não dá pra saber se valeu à pena)... Primeiramente eu tive que transpor as barricadas de camelôs magrebinos que assediam os turistas chacoalhando suas torrezinhas em miniatura, seus chaveiros do <em>Chat Noir</em>, e uns bichinhos fosforescentes de borracha. Depois vem as tropas de soldados mal-humorados, armados até os dentes que sondam e encaram cada visitante, sobretudo os estrangeiros, como um potencial terrorista. Não obstante, passados estes trambolhos, você pode ir até o parque que fica junto à torre ou voltar e cruzar a ponte que leva ao Trocadero – mas aviso: ambos são verdadeiras farofadas!... Você vê de tudo: além das hordas de turistas e falanges de camelôs insistentes, de tendas e barracas, surgem os ciganos golpistas, alguns grupos de adolescentes arruaceiros dispostos a “causar” fumando maconha e se bolinando escondidos entre as árvores, e outros viciados melancólicos que perseguem os passantes cantando e esmolando... O clima além de frio é tenso, é tão carregado que a cada passo eu lembrava as advertências de Ludovico Septembrine, personagem da “Montanha Mágica” de Thomas Mann: “<em>vele pela sua dignidade! Seja orgulhoso e não se perca no ambiente estranho! Evite atoleiros, esta ilha de Circe. O senhor não é bastante Ulisses para percorrê-la impunemente!”...</em> Apressei-me então em fazer uma foto e voltar imediatamente para o pé da torre, pois estava disposto a subi-la. </span></span> </div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-fw5Kxn2EMIk/TYTr_rdqEeI/AAAAAAAABIY/f7hFnEWrONU/s1600/DSC00094.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-fw5Kxn2EMIk/TYTr_rdqEeI/AAAAAAAABIY/f7hFnEWrONU/s400/DSC00094.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-SVQ6jBup__Y/TYTwwZ88HTI/AAAAAAAABIc/PDcbk6cN_KE/s1600/DSC00095.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-SVQ6jBup__Y/TYTwwZ88HTI/AAAAAAAABIc/PDcbk6cN_KE/s400/DSC00095.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh4.googleusercontent.com/-DCzpxDfPTes/TYT1AvSpGeI/AAAAAAAABIg/7i3GuzKTJPQ/s1600/DSC00096.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://lh4.googleusercontent.com/-DCzpxDfPTes/TYT1AvSpGeI/AAAAAAAABIg/7i3GuzKTJPQ/s400/DSC00096.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Mas lá chegando... Ulalá!... Deparei-me com uma fila que era, assim... quilométrica!... Hesitei: subir ou não subir, <em>that’s the question</em>!... Como não tinha coisa melhor a fazer, resolvi subir. Afinal seria melhor arrepender-se do ato que da omissão. Então depois de mais de duas horas de espera, depois de dois detectores de bombas, chegou a minha vez de comprar os ingressos. Comprei para ir até o topo, e dali fui para a fila seguinte, a do elevador. A diferença é que ali já não há mais organização nenhuma, é só empurra-empurra mesmo, bem do jeito que o francês gosta.</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-8PJ5XpYRnH4/TYT5F7Rx1FI/AAAAAAAABIk/BZvzPdyzTCk/s1600/DSC00099.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-8PJ5XpYRnH4/TYT5F7Rx1FI/AAAAAAAABIk/BZvzPdyzTCk/s400/DSC00099.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">O elevador é original, da época da construção da torre e, portanto, lerdo, absurdamente lerdo. Demora uns 15 minutos entre uma subida e outra, deixando todo o processo muito lento, com a multidão se amontoando, já arrependida, a murmurar interjeições. Fui direto para o segundo andar, onde é preciso trocar de elevador para chegar ao terceiro. Pensei em comer alguma coisa no restaurante que funcionava ali, mas como já estava uma verdadeira muvuca, fui direto para a fila, que serpenteava e se comprimia, de modo que os outros turistas, que não iriam adiante, ficavam pedindo para passar e tirar foto da beirada da varanda. Eu já estava apreensivo, imaginava tragédias em meio aquela desordem, e me angustiava com o piso que é levemente inclinado para fora dando uma sensação estranha. Além disso, o vento soprava furiosamente e fazia um frio de parar o coração. Procurei ficar o tempo todo recostado em alguma pilastra para me abrigar e, ao mesmo tempo, sentir-me um pouco mais seguro. Notei que já estávamos mais altos que o Arco do Triunfo.</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh4.googleusercontent.com/-wj892gK17rk/TYT91vJ5ydI/AAAAAAAABIo/gGPyIYfz9uo/s1600/DSC00107.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="https://lh4.googleusercontent.com/-wj892gK17rk/TYT91vJ5ydI/AAAAAAAABIo/gGPyIYfz9uo/s400/DSC00107.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Depois de mais uns 30 minutos na fila entramos novamente no elevador, indo para o último andar, que pelo menos tem grades na varanda, e uma escada que dá para um mirante, praticamente no topo da torre, com uma vista magnífica da cidade. Esse ponto é tão alto e venta tanto que o ambiente é todo fechado com vidro para proteger os visitantes. Ali, percebi, por sobre as paredes de vidro, um painel que traz o nome de diversas cidades estrangeiras, bem como suas respectivas distâncias em relação à Paris. </span> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-BYNjZVTzzRY/TYUEwwapaKI/AAAAAAAABIs/SlIFKJWgZCE/s1600/DSC00106.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-BYNjZVTzzRY/TYUEwwapaKI/AAAAAAAABIs/SlIFKJWgZCE/s400/DSC00106.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Grudar-se a uma destas paredes é a melhor coisas a se fazer, e eu logo me debrucei contra o vidro para tirar as melhores fotos possíveis da cidade. Foi então que avistei uma outra torre mais adiante, a <em>Tour Maine-Montparnasse</em>, que fica em Montparnasse, e trata-se do primeiro arranha-céu de Paris, um edifício cilíndrico, marron, cafona, e que também oferece uma vista panorâmica da cidade, com acesso bem mais rápido e bem mais cômodo!... Tarde demais.</div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-AgJ3YTI6s4g/TYUHhoi5f8I/AAAAAAAABIw/xLxNrDdRzdw/s1600/DSC00104.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-AgJ3YTI6s4g/TYUHhoi5f8I/AAAAAAAABIw/xLxNrDdRzdw/s400/DSC00104.JPG" width="300" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-IHygGYG0x6k/TYUKKzquEPI/AAAAAAAABI0/Ze5wax4o5po/s1600/DSC00102.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-IHygGYG0x6k/TYUKKzquEPI/AAAAAAAABI0/Ze5wax4o5po/s400/DSC00102.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-ch5O_mkTMj0/TYUO01e4abI/AAAAAAAABI4/X7v8oSQOpiQ/s1600/DSC00101.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-ch5O_mkTMj0/TYUO01e4abI/AAAAAAAABI4/X7v8oSQOpiQ/s400/DSC00101.JPG" width="372" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Daí então: o pôr do sol!... Um espetáculo belíssimo numa cidade fantástica que começava e se iluminar!... Sim, acho que valeu a pena.</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-XcTtEvAQjQk/TYUT3FogdhI/AAAAAAAABI8/89o02D0J2pg/s1600/DSC00113.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-XcTtEvAQjQk/TYUT3FogdhI/AAAAAAAABI8/89o02D0J2pg/s400/DSC00113.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-S2MuQLPAXBs/TYUXPx2hygI/AAAAAAAABJA/X1u_ckTDP-o/s1600/DSC00117.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-S2MuQLPAXBs/TYUXPx2hygI/AAAAAAAABJA/X1u_ckTDP-o/s400/DSC00117.JPG" width="372" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E do outro lado, vinda do leste, a lua cheia!... Sim, valeu muito a pena.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-I2_SMbh_lRk/TYUaoA-xMEI/AAAAAAAABJE/qdG-GaVvu3E/s1600/DSC00118.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" r6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-I2_SMbh_lRk/TYUaoA-xMEI/AAAAAAAABJE/qdG-GaVvu3E/s400/DSC00118.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Quando já estava praticamente escuro e não dava mais para fotografar direito, cedi aos apelos dos pés doloridos para ir embora. Pelo menos para descer quase não havia fila, "quase"... estava tarde e a maioria das pessoas já tinha partido. Mesmo assim levei uns 15 minutos na descida!</span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-e5akiElnldQ/TYUdWnxGw_I/AAAAAAAABJI/KCco0zKru7Y/s1600/DSC00132.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" r6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-e5akiElnldQ/TYUdWnxGw_I/AAAAAAAABJI/KCco0zKru7Y/s400/DSC00132.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Cheguei ao solo quando já era noite fechada, e como já passava das 22h, fui direto para o metrô pois não mais barco para o trajeto de volta. Só que a estação de metrô mais proxima ficava abaixo da Praça dos Inválidos, a exatos 2,5 km de distância!... Meus pés estavam além da exaustão, e caminhar até lá certamente me deixaria inválido. Não tive alternativa: fui pela estrada a fora, bem sozinho, tiritando de frio, coxeando, fantasiado de rapper, afugentando os passantes, etc. E quando enfim cheguei no hotel capotei num sono tão pesado que nem sonhei. Mas também, quem precisa sonhar a noite quando passou o dia inteiro num deslumbre só? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-59743806051217372902011-03-12T10:32:00.000-08:002011-03-12T10:32:25.538-08:00Navegar é preciso...<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Então, abri os olhos, era sábado, e eu não estava no meu quarto. Uma coisa é você acordar, outra coisa, muito diferente, é você acordar em Paris. Com efeito, acordei com aquela sensação de alegria e estranheza. Esperava que fosse assim, pois é sempre assim. Acho que foi Fernando Pessoa que disse: <em>Até ontem acordava sem sensação nenhuma; acordava. Agora tenho alegria e estranheza porque não mais acordo do sonho, simplesmente acordo no sonho!...</em> Comigo, naquela manhã, foi exatamente isso: o Odéon, o Cour de Saint André, os crêpes, a Notre-Dame, toda Paris estavam ali – eu estava neles. Esfreguei os olhos para constatar aquela alegre e estrangeira manhã de sábado. E ainda pensando em Fernando Pessoa, recitei: <em>não sei o que hei fazer das minhas sensações. Não sei sequer o que hei de ser comigo sozinho. </em></span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-posZG3KPg-w/TXuaaLjd0nI/AAAAAAAABHc/I-iJhmpHTUQ/s1600/DSC00014.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" q6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-posZG3KPg-w/TXuaaLjd0nI/AAAAAAAABHc/I-iJhmpHTUQ/s400/DSC00014.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Mas uma coisa eu sabia: naquela manhã, eu precisava, urgentemente, ir até Gare de Saint-Làzare, no escritório da <em>Eurail</em>, para validar meus passes de trem e fazer reservas de assento, dia e horário de todas as viagens posteriores. E depois... bem, depois eu vagaria a esmo, pegaria um mapa e, como autêntico <em>flâneur</em>, perambularia sem destino, perdendo-se e achando-se, vendo e vivendo Paris bem de perto. Fui...</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-MOunt8CFjGg/TXucY4Lyi9I/AAAAAAAABHg/Atd6NnjqrUA/s1600/DSC00033.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-MOunt8CFjGg/TXucY4Lyi9I/AAAAAAAABHg/Atd6NnjqrUA/s400/DSC00033.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">A gare de Saint-Làzare ficava na Rive Droite, isto é, no lado direito do Sena, depois da Île de la Citè, depois da Saint-Chapelle, depois do Louvre, depois da Place Vêndome, depois da Ópera... Com tantos monumentos pelo caminho decidi ir a pé. E fiz bem. O clima estava espetacular, gélido, nublado, ventando, mas sem possibilidades de chuva, ou seja, uma típica manhã de outono em Paris!... Minhas roupas é que não estavam nada adequadas ao frio daquela estação e tampouco à elegância daquela cidade, mas eu só vim perceber isso depois de cruzar a Pont-Neuf. E aí já era tarde demais. Prossegui...</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-S0uDJe3ldIk/TXue1Qxe17I/AAAAAAAABHk/XeEamKB2xq8/s1600/DSC00032.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-S0uDJe3ldIk/TXue1Qxe17I/AAAAAAAABHk/XeEamKB2xq8/s400/DSC00032.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><strong>Saint Chapelle... eu acho! São tantas igrejas.</strong></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-zutpnYxvyic/TXug5jvp5bI/AAAAAAAABHo/d1cFYouEKJs/s1600/DSC00034.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" q6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-zutpnYxvyic/TXug5jvp5bI/AAAAAAAABHo/d1cFYouEKJs/s400/DSC00034.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><strong>Place Vêndome</strong></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh4.googleusercontent.com/-OGvLNc_y5A4/TXujRQG7cWI/AAAAAAAABHs/3Z7Cub8un7Q/s1600/DSC00036.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh4.googleusercontent.com/-OGvLNc_y5A4/TXujRQG7cWI/AAAAAAAABHs/3Z7Cub8un7Q/s400/DSC00036.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><strong>Ópera</strong></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Tendo resolvido tudo o que tinha para resolver no escritório da <em>Eurail</em> (onde, aliás, fui muito bem atendido... recomendo!), fiquei sabendo que meu passe dava direito a uma excursão no Sena pela metade do preço!... Não esperei nem mais um minuto, varei o Boulevard Haussaman, passando pelo Printemps, retornando pela Ópera, o Louvre, a Saint-Chapelle, até chegar na Rue de Rivoli onde, ao dobrar numa esquina, me deparei com o MIJE, sim o odioso MIJE!... Demorei a acreditar, mas era mesmo o albergue caloteiro (embora charmoso) que quase me deixou sem hospedagem em Paris!... Sem me conter, parti para a vingança: apertei o botão do interfone e corri!... Depois roguei pragas, maldições, desejei falência e um incêndio, mas ao lembrar o precaríssimo mafuá onde estava hospedado, logo me arrependi. Daí, perdendo-me num emaranhado de becos que se retorciam e se espremiam por traz da igreja dos gêmeos Saint-Gervais e Saint-Protais, consegui chegar ao fim da Rue de Berres e de lá no rio.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-NpftHYcjwEw/TXumJtmQeuI/AAAAAAAABHw/SBRFlhUp3V0/s1600/DSC00051.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-NpftHYcjwEw/TXumJtmQeuI/AAAAAAAABHw/SBRFlhUp3V0/s400/DSC00051.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-zELG7J1dKFo/TXusHxx3CxI/AAAAAAAABH4/hP7hrJLZ1rw/s1600/DSC00050.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-zELG7J1dKFo/TXusHxx3CxI/AAAAAAAABH4/hP7hrJLZ1rw/s400/DSC00050.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Partindo do cais, ou melhor, do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quai de’lHotel de-Ville</i>, naveguei pelo Sena a bordo de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bateaux</i> chamado Odèon (sincronicidade?) que me levaria até a Torre Eifell. E fui à proa do barco... ou seria a popa?... bem, fui atrás, de pé, fotografando tudo, deslumbrado com tudo. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-CNkFXggMFeM/TXuuayaDIPI/AAAAAAAABH8/9PuQ6xdCzdA/s1600/DSC00057.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-CNkFXggMFeM/TXuuayaDIPI/AAAAAAAABH8/9PuQ6xdCzdA/s400/DSC00057.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-0FgSp0MAbdo/TXuwiv2DgdI/AAAAAAAABIA/-Ad9BYfNXGI/s1600/DSC00073.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-0FgSp0MAbdo/TXuwiv2DgdI/AAAAAAAABIA/-Ad9BYfNXGI/s400/DSC00073.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-65VefEUb69Q/TXuzISbRx7I/AAAAAAAABIE/DgRWpafzvIg/s1600/DSC00074.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-65VefEUb69Q/TXuzISbRx7I/AAAAAAAABIE/DgRWpafzvIg/s400/DSC00074.JPG" width="400" /></a><span style="font-family: 'Georgia','serif';"></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Era o cartão postal num zoom de realidade: palacetes e museus, igrejas e teatros, castanheiros e plátanos, amantes enamorados e pintores amadores, camelôs e ciganos, estátuas e pontes monumentais!... Vi pessoas entrando e saindo de túneis, subindo e descendo escadarias, vi mendigos que dormiam envoltos em mantas encardidas e, di-lo-ia Fernando Pessoa, pareciam pedras à beira do rio. Vi tudo e admirei-me de tudo. Enquanto isso, ao longe, a torre se aproximava...</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-Rdb6R-KNrs8/TXu1MukD3jI/AAAAAAAABII/yypVEwdj27Q/s1600/DSC00072.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" q6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-Rdb6R-KNrs8/TXu1MukD3jI/AAAAAAAABII/yypVEwdj27Q/s400/DSC00072.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Em Paris, no Sena, navegar é, realmente, preciso.</div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-13262681246708595422011-03-05T12:36:00.000-08:002011-03-05T18:37:34.243-08:00Breve passeio pelo tempo<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Eu precisava me refazer de tantos choques, digamos, culturais. E como ainda era cedo, decidi dar uma volta pelo <em>quartier</em>, e jantar fora, literalmente, na calçada de algum bistrô, tomando um copo de vinho só para entrar no clima da cidade. E fui. Por motivos óbvios, escolhi o lendário <em>Café Le Procope</em>, que era o mais antigo de Paris – freqüentado por Molière, Voltaire, Racine, Diderot, Balzac, Victor Hugo, George Sand, Oscar Wilde – e ficava praticamente em frente ao meu hotel!... Da janela do meu quarto eu podia ver toda a movimentação do café, e um detalhe pitoresco logo me chamou a atenção: no Le Procope não havia mesas na calçada, melhor do que isso, elas ficavam nas sacadas. Meu jantar de boas-vindas seria então em grande estilo!</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh4.googleusercontent.com/-6vUS6UeyJ-4/TXKQtimHpwI/AAAAAAAABHE/A5CnSUyV9Wk/s1600/DSC00008.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" l6="true" src="https://lh4.googleusercontent.com/-6vUS6UeyJ-4/TXKQtimHpwI/AAAAAAAABHE/A5CnSUyV9Wk/s400/DSC00008.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Seria... Se eu tivesse feito reservas com uma semana de antecedência! Foi o que me informou o atencioso Mahmoud, depois de ligar para o café e procurar saber da disponibilidade das mesas. A propósito, segundo Mahmoud, numa noite de sexta-feira seria praticamente impossível encontrar vagas, assim de última hora, em qualquer restaurante famoso de Paris. Não obstante, eu poderia ter um jantar decente nos muitos bistrôs da vizinhança. Bastava procurar. Portanto: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- <em>En avant, marche!</em> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-CWjduQBpPX4/TXKQ9StZuKI/AAAAAAAABHI/9yW1eyPQn98/s1600/DSC00022.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" l6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-CWjduQBpPX4/TXKQ9StZuKI/AAAAAAAABHI/9yW1eyPQn98/s400/DSC00022.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Foi assim que há poucos passos do Le Procope vislumbrei uma passagem em forma de túnel que dava para um pátio bastante movimentado. Era o <em>Cour du Commerce Saint Andrè</em>, um beco estreito, comprido, sinuoso, onde a Paris medieval resguarda importantes vestígios de sua História, em meio a muitos bares, restaurantes e cafés. De cara, fui atraído pelo "<em>Bistrô 1900"</em>, charmosérrimo, aconchegante, com menu interessante e um preço razoável, mas estava lotado. Mais adiante vi os fundos, ou melhor, a antiga entrada do Le Procope, também lotado! </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-ybrEDDOAyr0/TXKRd4w3t_I/AAAAAAAABHM/_XYIsPrF6S0/s1600/DSC00024.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" l6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-ybrEDDOAyr0/TXKRd4w3t_I/AAAAAAAABHM/_XYIsPrF6S0/s400/DSC00024.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">O beco era longo e a certa altura se bifurcava em três vias, uma que dava para a Rue Saint André, outra que desembocava no boulevard Saint German, e a terceira que terminava numa parede sem saída. Em contraste com as duas primeiras, essa terceira via era um ermo. Mas foi aí que encontrei o único lugar disponível para jantar. Não era exatamente um café ou bistrô – não tinha nenhuma tabuleta mencionando o tipo de estabelecimento, nem mesmo o nome – mais parecia uma lanchonete, minúscula, e cuja especialidade era crepe e sanduíche. Mas como tinha vinho, fiquei. </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/--egQr8bcYmE/TXKSCcqjEoI/AAAAAAAABHQ/OQfBTRJJOXY/s1600/DSC00025.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="342" l6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/--egQr8bcYmE/TXKSCcqjEoI/AAAAAAAABHQ/OQfBTRJJOXY/s400/DSC00025.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Uma lanchonete deserta numa viela movimentada, naturalmente, desperta nossa suspicácia. Mas se o cheiro dos crepes são tão melífluos como os que lá eram preparados, a fome sobrepuja a desconfiança e você se arrisca. Interessante era que a proprietária parecia não se importar com a impopularidade. A bem da verdade, não dava a mínima. Como depois fiquei sabendo, ela era uma professora aposentada, que tinha naquilo um passatempo, um lenitivo para o tédio, e que tédio! – uma plaquinha atrás do balcão dizia: “<em>Não se preocupe com a vida... você não sairá dela vivo!...”</em> Cinismo espirituoso. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-NKREHeasgak/TXKUrCtz2bI/AAAAAAAABHU/U0A7p0q5ffM/s1600/DSC00023.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" l6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-NKREHeasgak/TXKUrCtz2bI/AAAAAAAABHU/U0A7p0q5ffM/s400/DSC00023.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Apesar de entediada e cínica, ela era excelente cozinheira e provavelmente uma boa professora. Enquanto preparava um apetitoso <em>crêpe <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>salèes de viande et fromage</em>, ela me contou toda a história daquele lugar. Começou falando da parede que fechava a rua: tratava-se do único remanescente da muralha do rei Philippe-Auguste, datada do século X, e cujo extenso fosso era hoje o Boulevard Saint German!... Aquela lanchonete ficava junto ao "<em>pas de mule</em>", uma passagem que servia aos tropeiros que vinham às feiras de Paris, e a pedra onde eu estava sentado era uma <em>montoir</em>, um bloco usado para ajudar as pessoas a montar seus cavalos. Dobrando e recheando a massa com a finura metodológica de um Michelet, ela apontou a casa da frente e disse que Sainte-Beuve vivera ali por 10 anos, na de número 2; enquanto Marat tinha a sede do seu jornal revolucionário, "<em>L'ami du Peulple</em>", no número 8. E não parava por aí: o Dr. Guillotin, mantinha uma oficina-abatedouro de ovelhas, no número 9, e foi lá que ele inventou a guilhotina!... Ou seja, eu estava esperando para comer um crepe no berço da revolução francesa.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-Ja2RBDwVRe8/TXKYzVve_KI/AAAAAAAABHY/YHjz3PspFK0/s1600/DSC00026.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" l6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-Ja2RBDwVRe8/TXKYzVve_KI/AAAAAAAABHY/YHjz3PspFK0/s400/DSC00026.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Coincidência ou sugestão, quando o crepe ficou pronto notei que tinha gosto de carne de ovelha. Pedi que embrulhasse para viagem, pois fazia muito frio, já estava escuro e meus pés não suportavam mais um minuto aquelas botas. Comprei uma garrafinha de vinho e outra de água, deixando o troco como retribuição pela aula. Foi então que ela me convidou para as sessões gratuitas de cinema que seu marido promovia no <em>Cour de Rohan</em>, outro pátio secreto, contíguo àquele, e cujo acesso era feito através de um portão na muralha medieval que até então eu não tinha percebido. Agradeci por tudo e voltei ao hotel pensando em quão fabulosa é Paris: você sai para comprar um lanchezinho qualquer, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>num passeio rápido, breve, e quando dá por si já percorreu, pelo menos, dois séculos de história. E isso era só o começo.</span></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-42319279348490882592011-02-26T10:32:00.000-08:002011-02-26T11:04:30.282-08:00O Hotel<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;">O Petit Trianon fica na esquina da Rue de l’Ancien Comedie com a Rue de Bucci, no velho sobrado acima do Café Comti. A princípio eu achei que o acesso ao hotel era feito pelo café, mas o garçom me indicou uma porta ao lado, no fim da calçada. Era uma dessas entradas escuras que lembra uma boca enorme, aberta, e que, ao empurrar a porta, nos da impressão de sermos engolidos pelo passado da casa. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A recepção funcionava numa sala estreitíssima do primeiro andar do prédio, ao qual se tem acesso por uma escada igualmente estreita. Nada de elevadores. Você sobe, alcança uma portinha envidraçada, gira a maçaneta e leva um choque!...</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-_JKpeG-XwgY/TWkvn046g2I/AAAAAAAABGo/eqeU9SnXQ6g/s1600/DSC00024.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" l6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-_JKpeG-XwgY/TWkvn046g2I/AAAAAAAABGo/eqeU9SnXQ6g/s400/DSC00024.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;">A decoração é tão inusitada, para não dizer aberrante, que de cara julguei ter entrado num mercado de pulgas: o teto estava tomado por buquês de flores secas que semelhavam vassouras de piaçava, ao fundo, um pequeno balcão de madeira desaparecia soterrado por uma coleção de biscuits, bonecas de porcelana, vidros antigos de farmácia guardando vértebras de serpentes, almofadas de crochê, abajures, bolas de cristal, uma gaiola vazia, cestas com peças de xadrez e cartas de baralho, tartarugas de estanho, um falcão empalhado, miríades de vasos de louça, candelabros desirmanados, um cabo de guarda-chuva de ébano sem o guarda-chuva, relógios parados, cédulas de dinheiro emolduradas, um revolver enferrujado, uma taçazinha de Saxe, porta-retratos, vetustos cartazes de cinema, calendários desatualizados, toda uma variedade de espelhos, potes repletos de moedas, uma constelação de canecas... ah, falta-me o fôlego. </span> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh4.googleusercontent.com/-7XFLb3oY8rs/TWkzqlN8k5I/AAAAAAAABGs/vjam85gJNjw/s1600/DSC00025.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" l6="true" src="https://lh4.googleusercontent.com/-7XFLb3oY8rs/TWkzqlN8k5I/AAAAAAAABGs/vjam85gJNjw/s400/DSC00025.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;">Por um minuto fiquei inteiramente abismado na contemplação estúpida daquele estranho aparato, enquanto isso o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">concierge</i>, um rapazinho árabe, de nome Mahmoud conferia minha reserva no livro de registros. Reparei que ao lado do livro havia um sinete de ágata, uma faca de marfim com monogramas de prata para abrir cartas, e um tinteiro seco e inútil junto de um álbum de estampilhas... Tive um calafrio de arrependimento, já não estava certo de querer me hospedar ali, mas não tinha outro jeito, foi a única hospedagem que consegui, aliás, que conseguiram depois de muita procura pela internet. Comecei então a murmurar para mim mesmo: decoração vintage... decoração vintage!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-Ht2pp37ro-g/TWk59tSjTeI/AAAAAAAABGw/HuSzqDbh7wI/s1600/DSC00027.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" l6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-Ht2pp37ro-g/TWk59tSjTeI/AAAAAAAABGw/HuSzqDbh7wI/s400/DSC00027.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;">Mahmoud era super bem-humorado, simpaticíssimo, e provavelmente já estava acostumado com o semblante desconcertado dos hóspedes recém-chegados: - <em>Nós temos quartos menos bizarros, monsieur </em>– disse ele, todo sorridente. Repliquei que estava achando tudo fantástico, só que aquele excesso de decoração instigava um pouco minha coriza: - <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Arrete ça... Je suis allergique</i>!... Ele sorriu, e depois de achar meu nome na lista, informou que eu ficaria no quinto andar, num quarto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">clean</i>, com vista para a Notre-Dame!... Ôpa, já me entusiasmei. </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-MTL8oDpW2oo/TWk9C_pN8uI/AAAAAAAABG0/G_dgEfHl51g/s1600/DSC00016.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" l6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-MTL8oDpW2oo/TWk9C_pN8uI/AAAAAAAABG0/G_dgEfHl51g/s400/DSC00016.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;">Subimos por uma escada de madeira em caracol toda atapetada, que mexeu muito com o lado trágico de minha imaginação – sem plaquinhas de proibido fumar, sem extintores, com muitas quinquilharias e flores espalhadas pelo teto, tudo conjurava um incêndio!... Bastava a fagulha de um isqueiro, de um fio elétrico descascado, e aquela espelunca seria consumida em minutos, por uma labareda única e triunfante!... Misericórdia... Perguntei a Mahmoud se havia saída de emergência. Ele sorriu novamente e disse não, depois, como se adivinhasse meu pensamento, lembrou que, na França, era proibido por lei fumar em qualquer ambiente fechado. Sei!... Perguntei ainda se ele dormia no Hotel. Não, ele morava no subúrbio, e fechava a recepção à meia-noite. Ah, tá!... Tentei então me concentrar na dor dos pés para calar a ansiedade, porém a visão do quarto não deixou...</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh4.googleusercontent.com/-GyukBD1DzYw/TWk9dfuJc5I/AAAAAAAABG4/leE1btmpXnU/s1600/DSC00017.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" l6="true" src="https://lh4.googleusercontent.com/-GyukBD1DzYw/TWk9dfuJc5I/AAAAAAAABG4/leE1btmpXnU/s400/DSC00017.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não sei o que um jovem árabe, radicado em Paris, entende por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">clean</i>, mas esta não era a palavra exata para descrever aquele quarto. Tudo denunciava uma fracassada tentativa de luxo, já tão demasiado cafona e ridícula que havia se tornado pitoresca. Parecia ser um quarto, ou, como se diz em boa literatura, uma alcova saída de um romance de Colette, talvez <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chéri</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La fin de Chéri</i>. Todo o conjunto da decoração, os carpetes, as cortinas, a cama, a poltrona explodiam em tons de amarelo e lilás, era com se eu tivesse entrado numa tela de Toulouse-Lautrec, da fase <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Moulin Rouge</i>, onde cortesãs idosas e solitárias terminam seus dias contemplando a rua boêmia da qual já não fazem parte. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-bQIbLYNfLwI/TWk_pGtliMI/AAAAAAAABG8/KPHzs4SETJE/s1600/DSC00018.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" l6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-bQIbLYNfLwI/TWk_pGtliMI/AAAAAAAABG8/KPHzs4SETJE/s400/DSC00018.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;">A iluminação era feita por dois abajures na cabeceira da cama de casal, havia um aquecedor, banheiro com privada e chuveiro quente, uma mesinha, uma cadeira, uma cômoda, mas não havia televisão. Duas tomadas: uma ao lado da cama, outra no banheiro. E duas janelas enormes, ambas com varanda e uma cadeirinha na varanda. E quanto à vista da Notre-Dame... bem, era apenas a pontinha de um dos campanários em meio a muitos telhados! </span></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh4.googleusercontent.com/-JkeDOmyDQ3M/TWlB7XvNh6I/AAAAAAAABHA/IiOiRsstgkg/s1600/DSC00023.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" l6="true" src="https://lh4.googleusercontent.com/-JkeDOmyDQ3M/TWlB7XvNh6I/AAAAAAAABHA/IiOiRsstgkg/s400/DSC00023.JPG" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;">Mahmoud me entregou as chaves (uma que abria o quarto, outra que abria a portaria do hotel caso chegasse fora de hora), informou que não serviam café da manhã, mas havia ali perto uma Häagen-Dazs com bons croissants de fromage e chocolate. Disse ainda que horário de faxina era às 13 horas, de modo que eu não poderia dormir até depois do meio-dia. Por fim, desejou-me uma boa estadia e se foi. </span></div><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; mso-themecolor: text1;">Por 50 euros de diária, mais parisiense impossível.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-33980082376136534622011-02-24T19:12:00.000-08:002011-02-25T10:16:23.220-08:00Voilá!!!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-dyWlBCCwYOg/TWcH8xlSLBI/AAAAAAAABGY/2xiVlsep9B4/s1600/DSC00012.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" l6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-dyWlBCCwYOg/TWcH8xlSLBI/AAAAAAAABGY/2xiVlsep9B4/s400/DSC00012.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Era quase oito horas da noite, mas ainda bastante claro, quando o metrô começou a cruzar o subúrbio de Paris. E era muito bonito. O vagão estava cheio, e todas as pessoas, tanto as que estavam sentadas como as que estavam de pé, sabiam que eu tinha acabado de chegar à cidade!... Não era pela mochila, mas pela curiosidade de viajante deslumbrado que não conseguia manter a cabeça parada, que olhava para fora com a avidez de quem nunca viu... E era só um arrabalde, mas era bonito. Foi então que o metrô mergulhou num túnel, e o espetáculo foi interrompido. Tanto melhor. Do subúrbio eu já podia constatar que Paris era (é) realmente linda, e provocante – se mostra e se esconde, até que: voilá!... </div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Kx8idrAEIIY/TWcKVZb9dII/AAAAAAAABGc/jtq57EN2YGU/s1600/DSC00015.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" l6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-Kx8idrAEIIY/TWcKVZb9dII/AAAAAAAABGc/jtq57EN2YGU/s400/DSC00015.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Cheguei à estação do Odéon, vexado. Peguei um mapa, procurei a escadaria que dava acesso à superfície e fui!... Subi de cabeça baixa, com os olhos fitos nos degraus, o coração disparado, expectante, até que levantando-os de repente, olhei. Pareceu-me que recebia a beleza da cidade inteira no peito!... Fiquei pálido, o sangue todo refluiu ao coração, donde não saiu uma única palavra. Era bonito demais! A mão tremia, não sei se de frio ou comoção, e tive que me encostar a um banco - transe de fadiga e deslumbre. Estava no coração da Cidade Luz, que, naturalmente, fica no lado esquerdo do rio Sena: a <em>Rive Gauche</em>! Era uma página de Balzac que já tinha lido vezes demais para me surpreender, mas agora, como era real, eu estava absolutamente surpreso. Como Paris guarda bem seu fascínio apesar das descrições, das pinturas, das fotografias, dos filmes, das canções, e com que violenta exuberância essa cidade existe!... E eu estava lá.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-dnXyUIiqce4/TWcNCFi1quI/AAAAAAAABGg/KtQtWb-3Ang/s1600/DSC00853.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" l6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-dnXyUIiqce4/TWcNCFi1quI/AAAAAAAABGg/KtQtWb-3Ang/s400/DSC00853.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Era uma calçada do Boulevard Saint-German, um dos mais famosos da França, era o primeiro passo naquela etapa que era também a primeira da minha peregrinação. Por isso caminhei devagar, e mais devagar ainda olhei em volta para me situar e achar o meu hotel. Não foi difícil. Proust dizia que as calçadas do Saint German des-Pré que cruzam o Odéon são constituídas quase todas de grandes <em>maisons</em> contíguas, cujo charme monótono é de súbito interrompido por algum sinistro pardieiro, testemunha histórica ou sórdido remanescente dos tempos em que aqueles quartiers eram ainda mal-afamados. Assim era a residência da cortesã Odete, personagem de Proust, e assim era o <em>Petit Trainon</em>, meu hotel!</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RYY-1rCzWfQ/TWcNwA_Ln6I/AAAAAAAABGk/1YyylOC4K3E/s1600/DSC00016.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" l6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-RYY-1rCzWfQ/TWcNwA_Ln6I/AAAAAAAABGk/1YyylOC4K3E/s400/DSC00016.JPG" width="293" /></a></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-47762402886100922012011-02-23T18:20:00.000-08:002011-02-23T18:36:12.026-08:00A Chegada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"> Então procurei me abstrair da dor tentando ficar preocupado com algua coisa, e não foi difícil. Primeiramente, minha mochila demorou quase meia hora para aparecer na esteira de bagagens – de imediato um calafrio me fez perder a sensibilidade dos pés: extravio!... Não, ufa!... Eis que a mochila aparece, e quando já entardecia. Então corri para o saguão do aeroporto de Orly e procurei me informar onde podia pegar o trem para Paris: <em>mais além, bem além</em>... Continuei correndo, Orly é menor do que o Charles de Gaulle, mas isso não significa que seja pequeno. A noite se aproximava. Passados quinze minutos, alcancei o guichê, comprei o bilhete e descambei pelas escadarias que davam acesso à Gare d’Orly. Uma moça negra, visivelmente apressada, me abordou para perguntar como ela poderia chegar à estação de Antony: -<em> É o que eu também gostaria de saber!... </em>Antony é a cidadezinha que fica no meio dos 14 km que separam o aeroporto de Orly da capital Paris, passagem obrigatória. Preocupado com o horário, entrei no único trem que vi estacionado, um trem curto, estreito como um bonde, e lá a mesma moça, que havia se adiantado a mim, já estava perguntando aos poucos passageiros se aquele era o trem para Antony. Ninguém sabia ao certo, todos olharam para o teto onde havia um esquema do circuito a ser percorrido, Antony aparecia como um pontinho branco sobre o qual confluíam diversas linhas coloridas. </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><img border="0" height="300" j6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-FUh78nhqjYs/TWW53v8lh6I/AAAAAAAABGQ/92EIrJVBeME/s400/DSC00003.JPG" width="400" /></div><div align="center" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Mas qual seria a cor da nossa linha? Também ninguém sabia, e todos se entreolharam apreensivos, pois assim como nós, aparentemente, todos eram turistas recém-chegados. E não havia mais a quem perguntar, porque o trem era automático, movia-se sem condutores. A porta ia se fechar, tínhamos que nos decidir, fica ou saltar. A moça saltou. A porta se fechou. E eu fiquei, imobilizado pela incerteza e a dor nos pés. Foi então que, lá do fundo do vagão, alguém disse que aquele trem só fazia a linha Orly-Antony, não havia com que se preocupar. Era uma senhora simpática, elegante, avó de cabelos brancos, de seus 70 anos, cercada por três garotinhos em escadinha de quatro a seis anos, e eram tão parecidos que não havia a menor dúvida de que fossem irmãos. Eles me olhavam sorridentes, com aquela cara de criança que quer fazer pergunta. A simpática senhora sorria também, olhando para o meu mochilão. Voltei a examinar o esquema acima da porta para ver onde o circuito terminaria. As crianças se mexiam, a avó recomendava que se dessem as mãos para se equilibrarem melhor. Depois se dirigiu a mim perguntando qual meu destino: </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- <em>Odéon, Paris.</em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- <em>Ah, terá que fazer duas conexões...</em> – disse ela – <em>...uma em Antony e outra na Denfert-Rochereau, a primeira gare de Paris. </em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Olhei atentamente para o esquema e localizei as estações mencionadas, depois me virei para ela e agradeci a informação. Então as crianças se mexeram inquietas e uma delas tentou se levantar, mas a avó puxou-a dizendo que <em>-"Non!"-</em> e zapt, lascou-lhe um tapa na cara na frente de todo mundo. O tapa foi estalado, mas o garoto não deu um pio. Nem ninguém ali no vagão. Stendhal dizia que são de momentos como este, de singela truculência familiar, que surge um Robespierre!... Já levei cascudos, beliscões, mas um tapa nunca, ainda menos em público. Foi um segundo só, a senhora, na sequência, olhou pra mim com o mesmo sorriso finíssimo, a mesma voz inalterada: - "<em>N’a pas de quoi!...”</em> Não lembro se consegui esboçar um sorriso. Mas ela, sempre prestativa, continuou: -"<em>Em Antony pegue a linha ‘rouge’ que vai para Denfert-Rochereau, e de lá a ‘linha 4’ que segue para a Notre-Dame passando pelo Odéon</em>”. Agradeci novamente, mas com o entusiasmo de quem fala a um psicopata, e passei para o outro vagão onde vi um assento livre. Quando o trem parou em Antony, saltamos, e mais uma vez a velhinha fez a gentileza de me indicar a plataforma onde deveria esperar a linha rouge. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>- Bienvenue!...</em> Disse-me ela por fim, e se foi com seus adoráveis netinhos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>- Bienvenue!...</em> ficou o eco. </div><br />
<br />
<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-NS36vy4b7zA/TWW8k9OOMAI/AAAAAAAABGU/G6KsGO5J8nQ/s1600/DSC00002.JPG" imageanchor="1" style="height: 242px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; width: 321px;"><img border="0" height="300" j6="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-NS36vy4b7zA/TWW8k9OOMAI/AAAAAAAABGU/G6KsGO5J8nQ/s400/DSC00002.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-FUh78nhqjYs/TWW53v8lh6I/AAAAAAAABGQ/92EIrJVBeME/s1600/DSC00003.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; height: 51px; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; width: 226px;"></a></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-3901767282070340682011-02-23T12:35:00.000-08:002011-02-23T13:23:40.479-08:00Entremundos<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Contando a partir do momento em que entrei na sala de embarque do aeroporto do Recife até o instante em que o metrô me deixou no centro de Paris, transcorreram aproximadamente 24 horas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E eu sequer dei um cochilo!... Não era medo, ansiedade ou qualquer outro tipo de comoção – tampouco a mudança de latitude, de clima ou fuso-horário. Minha insônia tinha uma causa bem mais concreta, mais simples e por isso mesmo mais sofrível: as botas de trekking!... Se a peregrinação é uma penitência, a minha teve início no minuto em que atei os cadarços. Aquelas botas (único calçado recomendado e disponível!) anatomicamente projetadas para resistir às intempéries do tempo e aos mais adversos acidentes geográficos, eram quase tão confortáveis quanto um silício. E os pés inchados pela altitude tornaram a experiência ainda mais aprazível. Claro que eu me descalcei para atenuar o sofrimento. Mas isso era mero paliativo. A dura realidade já havia se anunciado: a vaidade de não ter amaciado as botas para não estragá-las, seria paga com uma tortura cotidiana de dedos espremidos e tornozelos esfolados. Assim começou minha travessia, assim cruzei o oceano, assim fiz uma escala de cinco horas em Lisboa e assim, de olhos bem abertos, tentando disfarçar os passos mancos, cheguei a Paris!...</span></span></div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="332" j6="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-g_ehezSpN9w/TWVmsd03OQI/AAAAAAAABGM/evjkojiEJZY/s400/van-gogh-a-pair-of-shoes.jpg" width="400" /></span></div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: black; font-family: 'Georgia','serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;">Numa das cartas da vasta correspondência com seu irmão Theo, o genial Van Gogh<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>confessa que suas velhas botas estavam se tornando um tema recorrente, quase obsessivo, em sua pintura. Mas não se tratava de fetiche, não estava expondo meros objetos, mas aquilo que julgava ser o símbolo de sua tragetória de missionário fracassado e pintor vadio. Era um testemunho dos passos por caminhos agrestes, marcados por privações,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>quedas, dores e extravios - tanto no sentido literal quanto no figurado. Era um retrato de sua própria vida. E eu só me lembrei disso quando, alguns dias depois, ainda mancando, vi uma imitação desta tela, exposta na banquinha de um camelô da margem do Sena. Foi então que decidi não mais resmungar contras minhas botas, e imaginar uma maneira de prestar-lhes homenagem!... Muito embora ainda não soubesse como.</span> </span></div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
</span></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-75786936396902957232011-02-22T13:19:00.000-08:002011-02-27T06:04:03.685-08:00ContraTempos...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TVKy1KZRxxI/AAAAAAAABGE/2RumN0HYmXU/s1600/tempopassa+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" height="313" src="http://3.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TVKy1KZRxxI/AAAAAAAABGE/2RumN0HYmXU/s320/tempopassa+%25281%2529.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-language: PT-BR;">Há um provérbio que diz: <em>o homem propõe, mas só Deus dispõe</em>. Criei este blog no intuito de narrar em tempo real a minha peregrinação a Santiago de Compostela, e por tabela manter uma via de comunicação virtual que serviria menos para me mostrar do que para diminuir o tanto de solidão que, invariavelmente, sente-se em empreitadas deste tipo. Porém, disposições em contrário, o netbook não funcionou, tornou-se um peso morto, ou - numa apreciação menos trágica - um simples diário digital, que mesmo assim pesava e me enchia de cuidados: medo de ser roubado, medo de ser danificado pela chuva ou pelos tombos... Enfim, um fardo de preocupações, para juntar-se aos outros tantos que haveriam de me oprimir na caminhada. Eu sei, falta de aviso não foi. Mas também já não importa, trata-se apenas de um contratempo que não merece mais do que uma aliviada lembrança, e algumas linhas deste blog que, com não poucas semanas de atraso, vem reportar - a quem ainda interessar possa! - a pequena saga de 51 dias que vivi na linda, decadente e velha Europa. E como é velha!... Vinicius de Moraes designa a cidade de São Paulo como túmulo do samba. A Europa é mais que um túmulo, é todo um cemitério – como já havia dito o clarividente Dostoievski. Mas não me refiro aos falecidos figurões da literatura, da arte, da filosofia, da moda, da política, et cétera, que ora jazem e ora adubam o solo, contaminam os lençóis freáticos e dentro em pouco serão petróleo. Refiro-me à arte mesma, bem como à literatura, à filosofia, à música e aos demais ramos da esplendorosa cultura ocidental que de uma queda foi ao chão, resvalando finada no túmulo cavado por seus epígonos para o sepultamento de Deus!... Mas não coloquemos os carros na frente dos bois. Feito este esclarecimento, re-comecemos. Era uma vez, em Paris...<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-72262732418748224982010-09-23T08:06:00.001-07:002010-09-23T08:08:17.091-07:00Salmo 121<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong><em>Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?</em></strong></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<strong><em></em></strong></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong><em>O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra.</em></strong></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<strong><em></em></strong></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong><em>Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda.</em></strong></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<strong><em></em></strong></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong><em>É certo que não cochila, nem dorme o guarda de Israel.</em></strong></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<strong><em></em></strong></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong><em>O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita.</em></strong></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<strong><em></em></strong></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong><em>De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua.</em></strong></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<strong><em></em></strong></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong><em>O SENHOR te guardará de todo mal; guardará a tua alma.</em></strong></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
<strong><em></em></strong></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><strong><em>O SENHOR guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.</em></strong></span>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-71853767035220784982010-09-14T20:34:00.000-07:002010-09-14T20:42:26.108-07:00O Estrangeiro<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><em><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">"É parecida comigo?" Alice perguntou ansiosa, pois lhe ocorrera a idéia: "Há uma outra menininha em algum canto deste jardim."</span></em></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TJA-CI5qauI/AAAAAAAABFw/qVS4tT0cD14/s1600/ch%C3%A1.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="272" qx="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TJA-CI5qauI/AAAAAAAABFw/qVS4tT0cD14/s400/ch%C3%A1.bmp" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Georgia','serif';">Peregrinar não é somente um encontro conosco mesmo, é também, e sobretudo, um encontro com o outro, outros - que, todavia, nos conduz a nós mesmo. O ser humano, por simples contingência, participa de um convívio - querendo ou não, a sua existência é uma existência compartilhada. E compartilhar o existir é fundamento divino, manifesto no sublime mistério da Trindade Santa: <em>Um só Deus, em Pessoas três</em>!... Com efeito, ao peregrinar, trava-se com o estranho, com o estrangeiro (palavras que tem a mesma raiz semântica: <em>extraneus</em>), um reencontro consigo próprio. A viagem sagrada é um exercício de reciprocidade, o piedoso feedback que nos recomenda a Torá, ou Pentateuco: <em>“Ama o estrangeiro como a ti mesmo, e lembra-te que fostes estrangeiro em uma terra estrangeira</em> (Ex. 22,20; Lv. 19,33; Dt. 10,18)...” Se trocarmos a palavra “estrangeiro” por “estranho” o versículo se revela ainda mais significativo e luminoso. Acaso sabemos de nossa própria estranheza? Quem já assumiu a perspectiva do outro? Quem já se pôs no olhar estrangeiro para contemplar a si mesmo? E com que freqüência?... A peregrinação nos confronta com essa experiência que, dada a sua radicalidade, quase nunca é fácil, podendo até tornar-se puro non-sense, algo parecido com a fabulosa viagem de "<em>Alice através do Espelho... e o que encontrou por lá!</em>” Eu sou da opinião que Lewis Carroll fez Alice aventurar-se uma segunda vez, peregrinando através do espelho, porque sabia que o espelho do peregrino é o seu próprio caminho. Na peregrinação, deparamo-nos com estranhos reflexos de nós mesmo, e nossa reação é tal, que acabamos conhecendo a dimensão de nossa própria estranheza. Com efeito, está escrito: <em>“Lembra-te, porém, de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer (...) a fim de te humilhar, de te tentar, e te levar ao conhecimento do que tinhas no coração.</em> (Dt. 8, 2)” É bem provavel que o poeta inglês Robert Browning estivesse pensando neste versículo quando escreveu: “<em>I walk to prove my soul!”</em></span></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-80244838885201763342010-09-14T20:26:00.000-07:002010-09-14T20:26:06.129-07:00Pilgrim<object style="BACKGROUND-IMAGE: url(http://i2.ytimg.com/vi/qtiQ12kJTlI/hqdefault.jpg)" height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/qtiQ12kJTlI?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/qtiQ12kJTlI?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-51484845774079042432010-09-12T09:49:00.000-07:002010-09-12T09:59:00.993-07:00A Bagagem<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A peregrinação é, entre outras coisas, também um mochilão. Entre parênteses: mochilão é um eufemismo de conotação aventureira utilizado para justificar viagens feitas em condições quase precárias, aliás, limitadas, ou melhor, mínimas para o conforto de um turista comum. Isso não significa, necessariamente, um orçamento apertado – às vezes sim, mas não é o meu caso. Mochilar (já existe o verbo!) é para mim uma contingência decorrente da peregrinação – a propósito, ocorreu-me agora que o peregrino é o ancestral direto do mochileiro – pois, desde os primórdios, só se peregrina com nada mais do que um mochila nas costas, leve na medida do possível, portando o básico do básico. Quanto a isso existe toda uma diversidade de regras, recomendações e instruções que, como todo bom conjunto de leis, visa o bem-estar do indivíduo, sobretudo concernente a sua saúde física e emocional. Não são poucos os percalços e contratempos de quem ousa uma travessia de mais de 800 km a pé; logo, uma bagagem adequada, sem nada de mais ou de menos, faz toda diferença quanto ao sucesso desta empreitada. E eu conheço bem o que se deve ou não carregar, fui devidamente avisado, mas reconheço que não pude acatar todos os avisos.</span> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TI0CrrT1CpI/AAAAAAAABFI/XNPaitB6Vag/s1600/DSC00013.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" ox="true" src="http://3.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TI0CrrT1CpI/AAAAAAAABFI/XNPaitB6Vag/s640/DSC00013.JPG" width="480" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O fato é que me preparei para uma peregrinação mais extensa, tanto no tempo quanto no espaço, e isso implicou numa bagagem um pouco diferenciada. Não me acusem de vaidade, mas a verdade é que não dá para passar 10 dias em Paris usando apenas roupas de fleece e taktel. Tenho uma amiga que considera a coisa mais ridícula do mundo ver um <em>nerd</em> com roupas de safári passeando pelas capitais européias. Não pretendo pagar esse mico. E também não vou ficar zanzando entre aeroportos e estações de trem com uma mochila de trekking, convencionalmente leve, porém menos resistente. Optei então pelo meio termo, uma mochila cargueira Quantum 55+10, na qual, além da indumentária recomendada, cometerei o atrevimento de levar uma simples calça jeans (proscrita devido o peso). Eis o meu pecado!... Mas não é tudo. Há ainda uma mochila de ataque, filhote da cargueira que, por isso mesmo, vem atrelada a ela, e é onde ficará meu netbook (outra extravagância!). Já sei: arcarei com as conseqüências. Que assim seja, I don’t care!... É mais fácil, aliás, mais humanamente possível desfazer-se do excesso do que fazer-se na escassez. Tirar coisas do nada, <em>ex-nihilo</em>, só Deus pode!... Lembra daquele provérbio que diz vão-se os anéis e ficam os dedos? Então, muito pior é quando sequer tem dedos para perder anéis. Ultreya!</span> </div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-28463786060868343972010-09-05T14:22:00.000-07:002010-09-05T17:01:58.213-07:00Da série: Dúvidas peregrinas... O que levar na mochila?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TIQJ52Xn31I/AAAAAAAABEw/YFkmG2--JcQ/s1600/duvida_que_levar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" ox="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TIQJ52Xn31I/AAAAAAAABEw/YFkmG2--JcQ/s640/duvida_que_levar.jpg" width="451" /></a></div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-63332075574751659672010-09-01T14:10:00.000-07:002010-09-01T14:13:37.721-07:00A Rota<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Como já foi dito, toda e qualquer peregrinação tem por meta uma conversão – seja em “latu” ou “strictu sensu”. O peregrino converge para o núcleo da própria fé, o local sagrado da teofania, da visitação, da revelação. Para o cristão há, naturalmente, a Terra Santa, com Belém <em>onde uma grande Luz brilhou na escuridão, e o Verbo se fez carne e veio habitar entre nós;</em> e com Jerusalém onde este mesmo Verbo derramou seu precioso sangue para redimir a humanidade inteira. Mas além, há inúmeros túmulos de santos, repouso da humanidade redimida, lugares de contemplação e veneração da Graça. Há ainda as grutas e fontes abençoadas pelas aparições da Mãe misericordiosa, sítios de arrependimento e de cura. Toda a geografia do ocidente e do oriente está assim pontilhada por focos de esperança, através dos quais o peregrino pode traçar circuitos aleatórios que, no entanto, convergem para o mesmo fim: Deus.</span> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TH7AcgabvuI/AAAAAAAABEo/XbN5LjOuScs/s1600/Creanciales_Routes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="215" ox="true" src="http://2.bp.blogspot.com/_p18pOAaoNv8/TH7AcgabvuI/AAAAAAAABEo/XbN5LjOuScs/s400/Creanciales_Routes.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Com efeito, a minha peregrinação, tem início no norte da França, no Mont Saint Michel, uma ilha situada no limite costeiro da Bretanha com a Normandia, e onde o arcanjo Miguel (em francês, Michel), príncipe das milícias celetes, manifestou-se a Aubert, bispo de Avranches, no ano da graça de 708. De lá desço para Paris, onde tomo a Via Turonensis, antiga rota de peregrinação para Compostela, cujo trajeto compreende a misteriosa Catedral de Chartres, no Vale do Beauce. Depois pego um desvio transvessal pelas Vias Lemovicensis, Podiensis e Tolosana que me dão acesso ao Santuário de Lourdes e outras paragens sacras, até seguir pelo caminho único que corta o norte da Espanha e conduz a Catedral de Santiago de Compostela. Portanto, que desde já São Tiago rogue por mim, que o arcanjo Miguel me defenda, que a Virgem Santíssima me guie e me alente, e que Deus Nosso Senhor me abençoe</span>. </div>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-8998483402530924092010-08-27T20:49:00.000-07:002010-08-27T21:42:03.368-07:00Guia do Mochileiro da Via Láctea<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Desde muito cedo, quando soube de pessoas que colocavam mochilas nas costas para se aventurar numa travessia traçada por estrelas, acreditei ouvir uma lenda. Os relatos que lia nos livros de Erasmo de Rotterdam, de Marguerite Youcenar e Paulo Coelho acerca de um caminho que cruzava não só o espaço, mas também o tempo, eram demasiado fabulosos para meu ceticismo adolescente. E, no entanto, o caminho era real... E, no entanto, eu queria percorrê-lo. Desde então olhei o céu para aprender o itinerário, e, mesmo sem saber, exatamente, onde começava ou terminava aquela imensa Via, confiei no antigo adágio monástico que diz <em>“quem conhece a meta, também conhece o caminho!” </em>Porque o caminho é como a vida, basta apenas começar...</span></div><object height="295" style="background-image: url(http://i2.ytimg.com/vi/5lZDOviYUq0/hqdefault.jpg);" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/5lZDOviYUq0?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/5lZDOviYUq0?fs=1&hl=pt_BR" width="480" height="295" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6949697014379348298.post-18324191332980276192010-08-27T20:06:00.000-07:002010-08-27T20:12:50.516-07:00<strong><em><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Me chamaste para caminhar na vida contigo, </span></em></strong><br />
<br />
<strong><em><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">decidi para sempre seguir-te, </span></em></strong><br />
<br />
<strong><em><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">e não voltar atrás.</span></em></strong><br />
<br />
<strong><em><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Me puseste um brasa no peito </span></em></strong><br />
<br />
<strong><em><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">e uma flecha na alma, </span></em></strong><br />
<br />
<strong><em><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">é difícil agora viver sem lembrar-me de ti...</span></em></strong>Christianohttp://www.blogger.com/profile/14277260559557334272noreply@blogger.com0